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As Forças Armadas têm quase 2 milhões de comprimidos de cloroquina e não preveem continuar a produção do medicamento

Cloroquina não tem eficácia comprovada contra a Covid-19. (Foto: Reprodução)

O Ministério da Defesa informou que há 1,8 milhão de comprimidos de cloroquina em estoque no Laboratório do Exército. O valor representa cerca de dezoito vezes a produção anual do medicamento nos anos anteriores. Normalmente, a cloroquina é usada para combater a malária.

Além dos 1,8 milhão em estoque, há 1 milhão de comprimidos que já foram direcionados ao Ministério da Saúde. O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, disse que não há previsão produzir mais medicamentos.

“O laboratório químico produz cloroquina não por causa do Covid. Tem uma produção por causa da malária há muito tempo”, afirmou.

O Ministério Público que atua junto ao Tribunal de Contas da União pediu a investigação do gasto de R$ 1,5 milhão do Ministério da Defesa para ampliar a produção do medicamento, revelada pelo site “Repórter Brasil”.

O subprocurador-geral, Lucas Furtado, pede que seja apurada a responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro na determinação de que aumentasse a produção do medicamento, sem evidências científicas comprovando sua eficácia no tratamento da Covid-19.

O ministro classificou a potencial investigação como uma “especulação sem necessidade” e disse que a compra de cloroquina em pó foi feita conforme os requisitos legais. Segundo o ministério, o valor elevado se deve ao aumento do preço do insumo devido à pandemia global.

Ida pra reserva

O ministro Ramos também anunciou que entrará com um requerimento para ser transferido para a reserva do Exército. Há mais de um mês, o militar vem conversando com o presidente Jair Bolsonaro sobre o desejo de aposentar a farda e se dedicar mais à articulação política do governo, pela qual negocia com partidos políticos.

“Com esta decisão, afasto de forma definitiva e irrevogável, a possibilidade do meu retorno às lides da caserna, o que poderia acontecer até dezembro de 2021, como também, do recebimento de uma nova missão oriunda do Comando do Exército”, disse em nota.

A ideia de mudar o status no Exército se fortaleceu após as manifestações de 17 de maio, quando, ao lado de outros ministros, subiu a rampa do Palácio do Planalto com o presidente Jair Bolsonaro. Naquele momento, Ramos sentiu o peso e a pressão de ainda representar a caserna, apesar de evitar usar fardas desde que assumiu a cadeira de ministro.

Antes de cogitar a aposentadoria, Ramos sondou como estava o clima do Exército para uma eventual retomada para a ativa, caso deixasse de ser ministro de Bolsonaro, segundo o jornal O Globo. A avaliação de ex-colegas ajudou a fortalecer a ideia de que é hora de pendurar a farda. Na caserna, segundo aliados de Ramos, há preocupação se os colegas da carreira militar teriam o mesmo respeito por um comandante que retornou às Forças Armadas após deixar o governo.

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