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Aspartame eleva risco de tumor cerebral, diz novo estudo

O aspartame provoca picos elevados de insulina. (Foto: Freepik)

Muito utilizado na indústria para sucos e refrigerantes “zero”, o aspartame é facilmente encontrado. Um novo estudo descobriu que o adoçante artificial, considerado “possivelmente cancerígeno” pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pode desencadear alterações genéticas ligadas ao glioblastoma multiforme – um tumor cerebral maligno e agressivo.

De acordo com os pesquisadores, o crescimento tumoral não foi inalterado após o consumo de aspartame. No entanto, o microbioma intestinal dos camundongos parte da pesquisa sofreu uma mudança significativa. A abundância de bactérias pertencentes à família Rikenellaceae foi reduzida.

Além disso, a equipe percebeu que o aspartame estava ligada a expressões de genes que faziam com que o gliobastoma se tornasse ainda mais agressivo em camundongos. Uma das hipóteses é que isso ocorra devido a alterações na metilação do RNA ao longo da via da N6-metiladenosina (importante no papel de regulação da vida das células). Os resultados foram publicados na renomada revista científica Scientific Reports.

“Nossos resultados não apenas fornecem evidências cruciais para avaliar a segurança de adoçantes artificiais, mas também oferecem uma avaliação abrangente de seu impacto na progressão tumoral”, concluem os autores da pesquisa.

Pico de insulina

De acordo com pesquisadores do renomado Instituto Karolinska, na Suécia, o aspartame provoca picos elevados de insulina. O que, por sua vez, contribui para o acúmulo de placas de gordura nas artérias. Ao longo do tempo, isso pode levar a níveis mais altos de inflamação e a um risco maior de ataques cardíacos e derrames. As evidências foram publicadas na revista científica Cell Metabolism.

Em estudos anteriores, foram encontrados ligações entre o consumo de substitutos do açúcar ao aumento de doenças crônicas, como doenças cardiovasculares e diabetes. Contudo, não se sabia como isso ocorria.

Assim, a equipe alimentou camundongos de laboratório com doses diárias de alimentos contendo 0,15% de aspartame por 12 semanas – uma quantidade que corresponde ao consumo de cerca de três latas de refrigerante diet por dia para humanos.

Como resultado, descobriram que em comparação com ratos sem uma dieta rica em adoçantes, os ratos alimentados com aspartame desenvolveram placas maiores e mais gordurosas em suas artérias e exibiram níveis mais altos de inflamação, ambos sinais de comprometimento da saúde cardiovascular.

Quando a equipe analisou o sangue dos camundongos, eles encontraram um aumento nos níveis de insulina após a entrada do aspartame.

Qual é o consumo máximo recomendado de aspartame?

A composição química do aspartame é o somatório de aminoácidos: ácido aspártico, fenilalanina e metanol.

Em 2023, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC, da sigla em inglês), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS), incluiu o aspartame no grupo 2B, se referindo à ele como uma substância “possivelmente cancerígena”. Nesta categoria, existem evidências limitadas de estudos feitos em seres humanos e menos que suficientes em animais.

Dessa forma, a OMS recomenda que o limite de consumo diário de aspartame considerado seguro é de 40 mg por kg de peso corporal.

Ele é contraindicado para portadores de fenilcetonúria, uma doença congênita na qual a pessoa não consegue metabolizar a fenilalanina, o que exerce ação tóxica em vários órgãos.

Abiad

A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais
e Congêneres (ABIAD) divulgou uma nota sobre o assunto. Confira abaixo:

“A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais
e Congêneres (ABIAD) acompanha com atenção as recentes reportagens que relacionam o consumo de aspartame a possíveis alterações na microbiota intestinal e ao risco de desenvolvimento de tumores cerebrais, a partir de novos estudos experimentais realizados em modelos animais. O estudo divulgado foi realizado em camundongos e tem poder estatístico limitado, cujos resultados devem ser considerados preliminares e não podem ser diretamente transponíveis para humanos. A ABIAD reafirma sua confiança no papel da ciência como base para a formulação de políticas públicas e orientações ao consumidor. Contudo, comunicar potenciais riscos com base em estudos experimentais isolados — que não refletem o consumo habitual de adoçantes em humanos — pode gerar interpretações equivocadas e alarmismo. A avaliação de segurança deve considerar o conjunto de evidências acumuladas e a real exposição da população, como fazem os órgãos reguladores internacionais. O aspartame é um dos aditivos alimentares mais estudados do mundo. Sua segurança tem sido amplamente avaliada por autoridades regulatórias internacionais independentes, como a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), a Food and Drug Administration (FDA), além do Comitê Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação e da Organização Mundial da Saúde (JECFA/FAO/OMS). Em sua revisão mais recente, em 2023, a JECFA1 reafirmou que o aspartame é seguro para consumo humano nas condições em que é utilizado, mantendo a Ingestão Diária Aceitável (IDA) em 40 mg/kg de peso corporal por dia. Além disso, A hipótese de que o aspartame impacta negativamente a microbiota intestinal não se sustenta. O adoçante é rapidamente absorvido no intestino delgado e não chega ao cólon de forma intacta, o que torna improvável qualquer efeito direto sobre os microrganismos intestinais. O próprio estudo mencionado reconhece que não investigou os  metabólitos do aspartame, o que limita suas conclusões. Portanto, a ABIAD reforça que o consumo de adoçantes autorizados, dentro dos limites estabelecidos por agências reguladoras nacionais, como a ANVISA, e internacionais, como EFSA2 e FDA continuam sendo uma ferramenta válida e segura para pessoas que necessitam de alternativas ao açúcar, como indivíduos com diabetes3 ou que buscam controlar o peso corporal4. A disseminação de informações descontextualizadas pode causar insegurança desnecessária em consumidores que fazem uso consciente desses produtos como parte de uma alimentação equilibrada.”

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