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Associação de prefeitos criticou a manutenção da Serra Gaúcha sob bandeira vermelha no mapa do distanciamento controlado

Presidente da entidade, José Carlos Breda (de Cotiporã) avalia que houve insensibilidade por parte do governo do Estado. (Foto: Divulgação/Asmene)

Após a confirmação do novo mapa do sistema de distanciamento controlado no Rio Grande do Sul, a Amesne (Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste) manifestou publicamente o seu descontentamento em relação à manutenção da Serra Gaúcha sob bandeira vermelha (alto risco de contágio por coronavírus), com uma série de restrições às atividades. A avaliação é de que houve insensibilidade.

“Apesar de demonstrar, através do estudo levantado pelo Observatório Regional de Saúde, que a região da Serra possui condições de permanecer em bandeira laranja, o governo do Estado não foi sensível ao pedido de reconsideração enviado no sábado pela Amesne”, lamentou o presidente da entidade e prefeito de Cotiporã, José Carlos Breda.

Ainda segundo ele, a configuração definida pela nova rodada do modelo (que entrou em vigor nesta terça-feira e tem validade pelo menos até a segunda-feira da semana que vem, 20 de julho) “não reconhece o esforço que está sendo feito pelas autoridades da Região”.

Em texto publicado no site oficial da Amesne, Breda acrescentou que o Palácio Piratini será alertado sobre a suposta falta de efetividade do distanciamento controlado, “já que não reflete a realidade de cada Região”. Todos os prefeitos vinculados à entidade, porém, garantem que cumprirão as normas, mesmo sem concordar com todas.

Como ficou

O mapa definitivo do distanciamento controlado para os próximos dias foi apresentado pelo governador Eduardo Leite na segunda-feira (13), três dias após divulgar a configuração preliminar, a fim de dar tempo para que prefeituras e entidades apresentassem questionamentos (foram 63 recursos, a maioria negados). As medidas passam a vigorar nesta terça-feira (14).

Após a revisão do governo, cinco regiões retornaram para a bandeira laranja: Santo Ângelo, Cruz Alta, Santa Rosa, Erechim e Santa Cruz do Sul. Assim, cai de 15 para 10 o número de regiões do Estado na bandeira vermelha, que somam 286 municípios, o que corresponde a 73% da população gaúcha (8.270.737 habitantes).

Dessas 286 cidades, 149 não tiveram registro de hospitalização e óbito por Covid-19 de morador nos 14 dias anteriores ao levantamento – equivalente a 8,4% da população gaúcha (948.002 habitantes).

As regiões de Cachoeira do Sul, Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Palmeira das Missões, Passo Fundo e Taquara tiveram os pedidos de reconsideração indeferidos por apresentarem um quadro mais grave nos indicadores de propagação de coronavírus e capacidade de atendimento em saúde. Com isso, ficarão com bandeira vermelha nesta rodada. Porto Alegre, Canoas, Capão da Canoa e Pelotas, já haviam sido classificadas com alto risco na semana anterior e não poderiam ter regressão na bandeira.

O município de Pelotas encaminhou pedido para uma reavaliação desse critério e teve o recurso acolhido. Assim, a região que apresentar melhorias consistentes poderá ter a reconsideração da trava de segurança, em casos especiais, sem a necessidade de permanecer automaticamente na cor vermelha. A alteração valerá a partir da próxima semana.

Leita também anunciou uma mudança no protocolo, permitindo o formato take away e drive-thru para comércio não essencial, além do e-commerce, na bandeira vermelha.

Ao responder questionamentos da imprensa, ele ainda falou sobre a possibilidade de o Rio Grande do Sul adotar lockdown, algo que vem sendo requisitado e rejeitado por diferentes setores, pelos mais variados motivos: “Só partimos para medidas mais drásticas quando isso se apresentar como inevitável, mas não deixamos ou deixaremos de tomá-las quando se fizerem necessárias”.

(Marcello Campos)

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