Os astronautas do programa espacial Apollo que pisaram na Lua têm índices cinco vezes maiores de morte por problemas cardíacos do que aqueles observados em astronautas que ficaram a bordo de ônibus espaciais. Esta é a conclusão de uma recente pesquisa que cita os perigos da radiação cósmica acima do campo magnético da Terra.
Realizado por cientistas da Nasa (agência espacial americana) e da Universidade do Estado da Flórida (EUA), o estudo descobriu que três astronautas do programa Apollo, incluindo Neil Armstrong, primeira pessoa a andar sobre a Lua, morreram devido a doença cardiovascular. Eles são 43% dos participantes do programa Apollo avaliados. A conclusão tem sérias implicações para futuras viagens humanas para fora da Terra.
A pesquisa publicada pelo periódico Scientific Research foi a primeira a investigar a mortalidade de astronautas do Apollo, que foram as únicas pessoas até hoje a viajar para além de centenas de quilômetros acima da Terra. O estudo conclui que a principal ameaça à saúde dos astronautas são os raios cósmicos, muito mais prevalentes e poderosos fora da bolha magnética que envolve o nosso planeta.
A Nasa contestou os resultados, dizendo que é cedo demais para fazer conclusões sobre o efeito dos raios cósmicos sobre astronautas do Apollo, já que a quantidade de dados é limitada. Mas especialistas veem implicações fortes para os Estados Unidos e outros países com ambições espaciais, assim como para empresas privadas a exemplo da SpaceX, do bilionário Elon Musk, terem essa opinião, pois planejam enviar missões tripuladas a Marte e outros destinos do Sistema Solar nas próximas décadas.
A pesquisa examinou informações sobre a morte de 42 astronautas que foram para o espaço, incluindo sete veteranos do programa Apollo, e 35 astronautas que morreram sem nunca terem saído do planeta.
Os cientistas descobriram que a taxa de mortalidade por motivação cardiovascular em astronautas que foram à Lua é cinco vezes mais alta do que entre aqueles que não foram ao espaço ou do que entre os astronautas que fizeram missões de baixa altitude a bordo de ônibus espaciais que orbitaram a Terra a algumas centenas de quilômetros acima de sua superfície.
Outra pesquisa, que simulou a falta de peso e a exposição à radiação em camundongos, mostrou que a exposição era muito mais ameaçadora para o sistema cardiológico do que outros fatores, disse o pesquisador Michael Delp, principal autor do estudo.