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Ataques em Paris: Os serviços de segurança franceses falharam?

Sobrevivente do ataque realizado na casa de shows Bataclan é resgatada por policiais. (Foto: Thibault Camus)

A ameaça de ataques em solo francês não era uma novidade para as autoridades do país. Há apenas alguns meses, 12 pessoas morreram em um atentado contra o jornal satírico Charlie Hebdo, que, até sexta-feira, era o pior ocorrido em solo francês em décadas.

Se o país estava em alerta, por que as agências de segurança não conseguiram evitar os ataques que deixaram pelo menos 129 mortos e outras três centenas de feridos? A pergunta parece pertinente para muitos franceses que, como a porta-voz do Partido Socialista, Corinne Narassinguin, sente que “a França tem sido um alvo prioritário do terrorismo islâmico”.

Desde janeiro, as ruas do país são vigiadas por milhares de militares, e 25 mil policiais patrulham lugares com potencial para serem escolhidos como alvo de atentados. O problema é que as autoridades “não podem prever onde será realizado o próximo ataque”, analisou Frank Gardner, correspondente de Segurança da BBC. Muitos especialistas concordam. Para Corinne, “obviamente houve uma falha da inteligência francesa”, e as investigações sobre o que ocorreu mostrarão no que os serviços de segurança devem melhorar.

Autodefesa
Após o ataque ao Charlie Hebdo, a França sinalizou, com sua política externa, que estava ciente da possibilidade de novos atentados. Quando o governo de François Hollande decidiu, em setembro, lançar bombardeios contra o grupo radical Estado Islâmico na Síria, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, afirmou que esses ataques atingiam lugares “onde são treinados aqueles que atacam a França”. O correspondente da BBC Hugh Scholfield assinalou à época que tais investidas poderiam ser vistas na legislação das Nações Unidas e do direito internacional como uma ação legítima de autodefesa.

“Quase inevitável”
Para alguns, não dá para acusar as agências de segurança francesas de terem falhado. Para Peter Neumann, professor de estudos de segurança do King’s College, em Londres (Reino Unido), as agências de segurança europeias já trabalham na capacidade máxima há alguns anos. “Colocar uma pessoa sob vigilância 24 horas requer 30 policiais. Não é possível monitorar centenas de pessoas”, afirmou. “É quase inevitável que algo assim aconteça”, acrescentou.

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