Até o fim de 2022, 184 milhões de contas digitais serão abertas no Brasil, um aumento de 15% em comparação a 2021, totalizando 480 milhões, desde o lançamento da modalidade em 2016. Os dados são do “Estudo Comparativo de Bancos 2022”, apresentado na Febraban Tech pela idwall.
O documento traz o cenário atual dos bancos digitais brasileiros, perfil dos usuários, impacto da experiência de cadastro e analisa os processos de cadastro virtual dos principais players do mercado.
Para Felipe Penido, head de inteligência de mercado da idwall, com maior presença de consumidores on-line e métodos mais rápidos de acesso a serviços financeiros, os ataques digitais devem aumentar e atingir outros setores.
De acordo com Penido, desde o início da pandemia mais de 2 mil agências bancárias foram fechadas no país. Em contrapartida, houve crescimento do modelo digital bancário, o que exige ainda mais proteção. “Essa necessidade vem sendo reforçada pelo aumento de vazamento de dados, fraudes bancárias e golpes, que tiveram alta significativa no último ano”, diz, destacando que os golpes no mercado financeiro aumentaram 165% em 2021 em relação a 2020, e as tentativas de fraudes subiram expressivamente em 2022.
Penido sugere que, além da biometria facial já utilizada por instituições financeiras, as instituições invistam em outras ferramentas antifraude, como a documentoscopia e o liveness (processo de autenticação de vida no momento de captura da biometria facial). “É importante também acompanhar as métricas”, recomenda o executivo.
Para enfrentar o problema da cibersegurança, é preciso também capacitar mão de obra. De acordo com André Fleury, diretor-executivo de cibersegurança da Accenture, o Brasil tem hoje uma demanda de 400 mil vagas não preenchidas na área de segurança digital. “Esse é o maior desafio de todos, é preciso ter gente especializada e treinada”, afirma. Ele foi um dos participantes do painel “A ciber-resiliência no setor financeiro”, durante a Febraban Tech.
Outro desafio apontado por Fleury é a segurança no ambiente da internet das coisas (IoT). “Com mais devices conectados, aumentam as chances de ataque e já se registram tentativas de ataque até ao setor de ar-condicionado nos datacenters”, comenta.
O especialista da Accenture também recomenda que, além da tecnologia, empresas e bancos estejam mais atentos aos processos internos. Ele defende a integração entre os setores como forma de ampliar a proteção.
O painel “Security by design na origem da cibersegurança” tratou da preocupação dos bancos com essa área que prevê a automação dos testes de segurança ao longo de todo o desenvolvimento de uma solução, desde a verificação de código até a entrada em produção.
“O objetivo é trazer mais segurança para o estágio inicial de concepção de uma nova tecnologia ou aplicação, identificar todas as vulnerabilidades para que possam ser corrigidas antes do final do processo”, afirma Fernanda Lopes, superintendente-executiva e cyber CTO do Santander Brasil.
Bruno Fonseca, superintendente-executivo de prevenção a fraudes e análise de dados e modelagem da segurança corporativa do Bradesco, acrescenta que na segurança by design é preciso considerar que o usuário final sempre será instigado, por meio de engenharia social, a ceder os seus dados. “Isso significa levar em conta as camadas de proteção desde a origem e pensar como barrar o fraudador de invadir um site, uma página ou um aplicativo”, observa.
Na opinião de Erik Siqueira, chefe de repressão a crimes cibernéticos da Polícia Federal, o assunto fraude, que antes ficava restrito à esfera da segurança pública e aos bancos, hoje faz parte do dia a dia do cidadão. “O criminoso não escolhe o banco e não se combate o crime de forma isolada”, afirma. As informações são do jornal Valor Econômico.
