Um grupo de políticos e de advogados da direita promoveu um almoço com Jair Bolsonaro (PL), nessa quinta-feira (10), em Brasília. Em vez de discussão jurídica, que pudesse eventualmente contribuir para a discussão do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), o evento foi marcado por torcida aos gritos de “mito” e “volta Bolsonaro”, sendo considerado “um tiro no pé”, por pessoas próximas ao ex-presidente.
O ato irritou parte do PL. A avaliação é que a manifestação no encontro fechado pode até ter impacto em três direções, mas nenhuma delas ajuda a evitar uma condenação no STF e a eventual prisão do ex-presidente.
Nessa lógica o movimento teria servido apenas para:
– 1. Tensionar a relação com o STF;
– 2. Constranger as defesas do ex-presidente e também do general Braga Netto, feita por criminalistas que também já atuaram em processos de grandes nomes da esquerda;
– 3. Promover políticos de olho nos votos dos bolsonaristas radicais em 2026;
Os aliados de Bolsonaro mais ao centro entendem que não é hora de insistir em atitudes beligerantes. O ato da avenida Paulista no dia 6 de maio prejudicou, por exemplo, o diálogo com o presidente da Câmara, Hugo Motta, para pautar o projeto de anistia aos condenados do 8 de janeiro.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, por exemplo, tem evitado aparecer no front desses movimentos. Apesar de ter sido autorizado a voltar a conversar com Jair Bolsonaro, tem evitado declarações polêmicas. No dia do julgamento que tornou Bolsonaro réu, Valdemar estava num encontro com empresários e políticos, abordando questões relevantes para o setor de comércio. Ou seja, distância do tema 8 de janeiro. Valdemar não foi denunciado pelo Ministério Público.
No almoço dessa quinta, além de Bolsonaro, discursaram a deputada federal Bia Kicis (PL-DF), o desembargador Sebastião Coelho, que defende o ex-assessor de Bolsonaro Filipe Martins perante o STF, o senador Magno Malta (PL-ES) e o ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL-PE). Houve ataques à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ao Judiciário e um clamor pela “resistência” perante o STF.
O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou no evento que não está interessado na redução de penas dos presos do 8 de Janeiro, mas sim uma anistia “ampla, geral e irrestrita”. O evento foi marcado por ataques à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ao Judiciário.
Ele disse ter havido um “ponto de inflexão” na articulação pela anistia com o voto do ministro Luiz Fux no julgamento que o tornou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Na sessão, Fux falou da possibilidade de as penas serem reduzidas.
“Agora, tivemos um ponto de inflexão. Enchendo a bola da minha esposa aqui, que falou muito bem na Paulista, dirigindo-se ao ministro Fux. Ali, no meu entender, foi uma fissura que apareceu. Um outro lado que parecia impossível. A modulação não nos interessa. Redução de penas não nos interessa. O que nos interessa, sim, é anistia ampla, geral e irrestrita”, afirmou Bolsonaro aos convidados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
