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Atos de violência e sabotagem marcam eleições regionais no México

Policial tenta apagar fogo em carro na cidade de Chilpancingo, no Estado de Guerrero. (Alejandrino Gonzalez/AP)

Em uma tentativa de sabotar as eleições, tidas como um teste decisivo para o governo do presidente Enrique Peña Nieto, manifestantes queimaram urnas em vários Estados do México nesse domingo.

Neste pleito, serão trocados todos os 500 deputados federais e escolhidos nove governadores (o país tem 31 Estados), 17 Legislativos estaduais e 300 prefeitos.

O governo mobilizou milhares de soldados e policiais federais para vigiar a votação.

O caso mais emblemático de tensão ocorreu em Tixtla, no Estado de Guerrero. Pais e outros parentes de 43 alunos de uma escola local desaparecidos desde setembro queimaram sete urnas e material eleitoral.

“Primeiro queremos que as crianças sejam encontradas. Depois poderá haver eleições”, disse Martina de la Cruz, mãe de um dos alunos desaparecidos.

Centenas de eleitores que defendiam seu direito de voto trocaram pedradas com manifestantes em Tixtla.

As famílias dos estudantes cobram do governo uma solução para o caso, sobre o qual pesa a suspeita de envolvimento do prefeito e de traficantes de drogas no sumiço do grupo.

A mobilização pelos 43 alunos se tornou internacional, com protestos até no amistoso entre Brasil e México nesse domingo, em São Paulo.

Urnas também foram destruídas nos Estados de Chiapas e de Oaxaca, no Sul.

Em Oaxaca de Juarez, capital de Oaxaca, manifestantes mascarados retiraram cédulas e urnas de um veículo e queimaram o material na praça principal da cidade. Ao menos 88 pessoas foram detidas no Estado.

Por insegurança, a Organização dos Estados Americanos suspendeu uma missão de observadores eleitorais em Oaxaca.

Eleitores tiveram de votar em uma tenda erguida em uma estrada enlameada, pois as escolas onde votariam era controlada por professores que pediam aumento salarial.

Em Monterrey, no nordeste do país, dois partidos relataram que homens armados estavam intimidando eleitores em três cidades perto da fronteira com o Texas (EUA).

O Instituto Nacional de Eleições informou que quase todos os locais de votação funcionaram.

Descontentamento

A eleição acontece em meio a um descontentamento generalizado com os políticos no México.

O país passa por uma série de escândalos de corrupção, que envolvem inclusive a primeira-dama, e de questões de direitos humanos relacionadas aos estudantes desaparecidos e a suspeitas de massacres cometidos pelo Exército.

No Estado de Guerrero, ao menos 16 pessoas morreram no sábado em um confronto entre milícias civis. Mas o episódio não parece ter tido ligação com a eleição.

Durante a campanha, a violência política custou a vida de três candidatos, de um aspirante a candidato e de uma dúzia de trabalhadores de campanhas ou ativistas.

Esperava-se que pelo menos 50% dos eleitores votassem (o voto não é obrigatório no país).

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