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O atropelador de Nova York era residente legal e não estava no radar das autoridades americanas

O uzbeque Sayfullo Saipov foi apontado como autor do ataque que deixou oito mortos. (Foto: Reprodução)

Ele já dirigia como profissional antes de atropelar e matar pelo menos oito pessoas em Nova York em um atentado terrorista que disse ser em nome de sua lealdade ao EI (Estado Islâmico), na terça-feira (31). Sayfullo Saipov, um homem de 29 anos nascido no Uzbequistão e residente legal nos Estados Unidos há sete anos, foi caminhoneiro e também trabalhava como motorista do aplicativo Uber.

Saipov, que avançou contra ciclistas e pedestres na rua West, no Sul de Manhattan, a poucas quadras do local dos atentados de 11 de setembro de 2001, chegou aos EUA em 2010. Viveu em Ohio e depois na Flórida, mas autoridades também encontraram indícios de que ele morava agora em Paterson, em Nova Jersey, Estado vizinho ao cenário do seu ataque. Autoridades afirmaram que ele passava parte do tempo na Flórida e parte em Nova Jersey.

Enquanto o FBI (a polícia federal americana) agora investiga os rastros que ele deixou do outro lado do rio Hudson, a ansiedade aumenta para saber o que ele vai dizer às autoridades. Saipov foi baleado na barriga por um policial e levado ao hospital Bellevue, perto da cena do crime, onde ele foi operado.

Dentro da caminhonete usada por ele no ataque, Saipov deixou um bilhete jurando lealdade ao Estado Islâmico e havia também uma bandeira do grupo terrorista. O suspeito não estava no radar das autoridades americanas até o momento.

Ele entrou nos EUA de forma legal, pelo aeroporto John F. Kennedy, em Nova York. É casado e tem filhos. De acordo com as autoridades americanas, não havia qualquer indício de sua radicalização até o momento do atentado.

Um estudo recente do International Crisis Group mostra que o número de cidadãos da região central da Ásia, onde fica o Uzbequistão, tem aumentado entre os radicais filiados ao Estado Islâmico, que teria incorporado entre 2 mil e 4 mil combatentes dessa parte do planeta.

O Uzbequistão não está entre os países alvejados pelo veto anti-imigração de Donald Trump, mas uzbeques em Nova York já foram presos por planejar ataques e, de acordo com analistas, o número de radicais de países da região tende a aumentar com as perdas de território sofridas por agentes do Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

Em abril, cidadãos uzbeques estiveram por trás de ataques terroristas em Estocolmo e em São Petersburgo. O ataque a uma boate em Istambul, no último Ano-Novo, também foi atribuído a um cidadão do Uzbequistão, segundo as autoridades turcas. Em um tuíte, Trump disse que aumentaria as restrições a estrangeiros nas fronteiras.

Uso de veículos

O uso de veículos para cometer atentados terrorista em cidades tem se tornado recorrente nos últimos 15 meses, desde que em julho do ano passado um homem dirigindo um caminhão atropelou uma multidão que festejava a Queda da Bastilha em Nice, no Sul da França, matando 86 e ferindo mais de 400 pessoas.

Depois disso, episódios assim se repetiram em Berlim, Estocolmo, Londres (três vezes) Barcelona e, agora pela primeira vez nos EUA com maior número de vítimas, Nova York. A tática é defendida pela facção terrorista Estado Islâmico, que a divulga em material de propaganda disseminado na internet e incentiva seus seguidores a usá-la.

Com o território sob seu controle na Síria e no Iraque cada vez menor, treinar militantes em técnicas mais sofisticadas, que pressuponham maior coordenação, habilidade em atirar ou em montar e detonar bombas, torna-se cada vez mais difícil para a milícia. Caminhões, caminhonetes e vans, por sua vez, podem ser operados por quase qualquer pessoa, sem a necessidade de treinamento especial.

Não requerem coordenação com outros indivíduos, preparo prévio e nem mesmo financiamento – em Berlim, por exemplo, o caminhão pilotado por um terrorista que atingiu um mercado natalino tradicional e deixou 12 mortos era roubado. No caso de Nova York, a caminhonete era alugada.

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