Ícone do site Jornal O Sul

Audiência pública na Câmara de Vereadores de Porto Alegre discute a privatização da Carris

Contribuições, sugestões e comentários dos interessados devem ser encaminhados até 11 de maio. (Foto: Maria Ana Krack/PMPA)

Os secretários municipais de Parcerias, Ana Pellini, e de Mobilidade Urbana, Luiz Fernando Zachia, vereadores e representantes dos rodoviários e da sociedade participaram, na noite de quinta-feira (12), de uma audiência pública virtual promovida pela Câmara de Porto Alegre sobre a desestatização da Carris. Os debates duraram três horas e meia.

Durante a abertura da audiência, Pellini falou sobre a crise atual do sistema de transporte coletivo e o impacto concreto da operação da companhia de ônibus. A partir de estudo contratado pela prefeitura, explicou os modelos possíveis dentro do projeto de desestatização da empresa, encaminhado em junho para apreciação dos vereadores.

“O sistema de transporte público está em crise em todo o País. Em Porto Alegre, nós estamos muito atrasados, temos um sistema caro. Temos a oportunidade de melhorar e buscar soluções que permitam a qualificação do transporte como um todo para a população apostando também em soluções mais modernas que acompanhem as mudanças impostas no cotidiano das pessoas”, declarou Pellini.

A secretária salientou que, antes da pandemia de coronavírus, a Carris já possuía custos superiores aos suportados pela tarifa paga pelos usuários. Em 2019, os cofres da prefeitura aportaram R$ 15 milhões. No ano passado, o repasse foi de R$ 67 milhões. Pellini também ressaltou que a Carris tem custos regulatórios 21% mais elevados do que os demais operadores privados, o que acaba deixando a passagem de ônibus mais cara. Segundo ela, além disso, a empresa possui custos extra-tarifa que são suportados pela prefeitura, conforme demonstrações contábeis da companhia, regularmente auditadas. Até o fim do ano, considerando-se os últimos 12 anos, os repasses do município à Carris somarão mais de meio bilhão de reais.

O secretário municipal de Mobilidade Urbana, Luiz Fernando Zachia, ressaltou o esforço da prefeitura em apresentar soluções para a crise do transporte coletivo. “A Carris é uma empresa centenária e merece nosso respeito. O tema requer muito diálogo e transparência. E é isso que estamos fazendo, ouvindo o sindicato, a sociedade civil e aqueles que são a favor e contra sua desestatização”, declarou.

Na audiência, os rodoviários e vereadores de oposição se posicionaram contra a privatização da companhia. Na manhã de quinta, os trabalhadores realizaram um protesto em corredores de ônibus da Capital. Depois, eles se dirigiram ao Paço Municipal, e parte do grupo foi recebida pelo prefeito Sebastião Melo.

Em 15 de junho, a prefeitura autorizou a desestatização, por meio de privatização ou extinção, da Companhia Carris Porto-Alegrense. O texto do PLE 013/2021 autoriza o município a alienar ou transferir, total ou parcialmente, a sociedade, os seus ativos, a participação societária, direta ou indireta, inclusive o controle acionário, transformar, fundir, cindir, incorporar, liquidar, dissolver, extinguir ou desativar, parcial ou totalmente, a Carris. A proposta está em tramitação na Câmara Municipal.

Na semana que vem, outra audiência pública na Câmara de Vereadores discutirá o projeto que propõe a extinção gradual dos cobradores nos ônibus de Porto Alegre.

Sair da versão mobile