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Auxiliares do presidente Michel Temer revelaram arrependimento com estratégia de anunciar divulgação de extratos bancários

Temer teria se precipitado, avaliam governistas. (Foto: Beto Barata/PR)

O clima é de arrependimento no Palácio do Planalto com o anúncio apressado do presidente Michel Temer na segunda-feira de abrir mão do próprio sigilo e divulgar seus extratos bancários.

Os governistas consideraram precipitada a reação de Temer, diante da decisão do ministro Luís Roberto Barroso, que determinou a quebra do sigilo do presidente em inquérito que apura suspeita de propina em concessões no porto de Santos,

Há o reconhecimento no núcleo palaciano que isso iria expor Michel Temer de forma desnecessária. Por isso, a estratégia definida pelo círculo mais próximo do presidente é de “empurrar com a barriga” a divulgação dos dados bancários.

“Divulgar os dados bancários do Temer seria expor o presidente num momento em que o governo tenta emplacar a agenda positiva da segurança pública. O foco ficaria todo na quebra do sigilo”, afirmou um líder governista.

Outro ponto que começa a ser questionado pelos aliados mais próximos é o fato de o governo ter anunciado que não entraria com recurso questionando o mérito da decisão do ministro Barroso.

Diante da divisão do governo, a equipe jurídica de Temer já avalia a possibilidade de entrar com recurso. Mas antes vai esperar a resposta de Barroso ao pedido para que Temer tenha acesso à íntegra da decisão.

Nota

A Secretaria de Comunicação Social divulgou nota na segunda-feira, na qual informou que o presidente Michel Temer daria à imprensa “total acesso” às informações do extrato bancário dele.

A nota foi divulgada após o site da revista Veja informar que o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a quebra do sigilo de Temer.

O presidente é investigado em um inquérito aberto em setembro para apurar o suposto pagamento de propina na edição do decreto dos portos.

Barroso é o relator do inquérito e autorizou as investigações com base nas delações de Joesley Batista, dono do grupo J&F, e de Ricardo Saud, ex-executivo do grupo.

De acordo com as investigações, a empresa Rodrimar, que atua no Porto de Santos (SP), teria sido beneficiada. Temer e a empresa negam a acusação.

Prorrogação do inquérito

Em 20 de fevereiro, a Polícia Federal pediu a Barroso que autorizasse a prorrogação das investigações relacionadas a Temer por mais dois meses.

O ministro do STF, então, consultou a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que se manifestou favoravelmente à prorrogação.

Em 27 de fevereiro, Barroso autorizou estender o prazo do inquérito.

Repercussão

Após o Planalto divulgar a nota, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, convocou uma entrevista coletiva na qual disse que Temer “não tem nada a esconder” e ficou “contrariado e indignado”.

Responsável pela articulação política do governo, Marun acrescentou: “Não há como não se indignar diante do fato de que um inquérito completamente fraco, onde inexistem sequer indícios de qualquer ilícito resulte numa decisão dessas que, em se, digamos sendo tomada em relação ao presidente da República revela uma falta de cautela que nos estranha nesse momento.”

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