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Bandidos de outros Estados protegem bases do tráfico em troca de abrigo no Rio

Por ordem de traficante do Ceará, abrigado num QG do Rio, bandidos ordenavam que fossem pichados os locais onde houvesse fotos do candidato Tomás Figueiredo. (Foto: Reprodução)

A megaoperação policial deflagrada nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro (RJ), e que deixou 119 suspeitos mortos, escancarou a dimensão da presença de criminosos de outros Estados nos quartéis-generais do Comando Vermelho (CV) na capital fluminense. Durante a incursão nas comunidades, ficou claro que “forasteiros” não apenas comandam o crime organizado sob proteção nos grandes complexos, como também participaram do confronto com a polícia na tentativa de defender o território dominado pela facção.

Além dos complexos da Penha e do Alemão, o CV tem na Rocinha e na Maré outras de suas principais fortalezas. Esses QGs são reforçados com centenas de fuzis, bunkers e tecnologia capaz de monitorar a entrada da polícia. É justamente por causa desse aparato que criminosos de várias partes do país passaram a buscar comunidades cariocas como refúgio para exercer sua atividade criminosa à distância.

Entre os suspeitos mortos, 13 eram do Pará, sete do Amazonas, seis da Bahia, quatro do Ceará, quatro de Goiás, três do Espírito Santo, um do Mato Grosso e um da Paraíba.

De acordo com o promotor de Justiça e coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Rondônia, Anderson Batista de Oliveira, o movimento de levar lideranças do CV de outros estados para o Rio tem como objetivo “proteger seu ativo sensível geograficamente”:

“O Comando Vermelho passou, de uns três ou quatro anos para cá, a proteger seu ativo sensível geograficamente nas favelas do Rio. Enquanto os protegidos ficam em locais de difícil acesso, permanecem nos outros estados os soldados, necessários para manter o controle dos territórios dominados — e que, se morrerem, são facilmente substituídos. Quando uma liderança importante é presa, há impacto direto nas atividades da facção. É como em uma empresa: você tem um gerente sênior e não quer alta rotatividade; não quer perder quem já está alinhado com a estratégia.” (As informações são do jornal O Globo)

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