A megaoperação policial deflagrada nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro (RJ), e que deixou 119 suspeitos mortos, escancarou a dimensão da presença de criminosos de outros Estados nos quartéis-generais do Comando Vermelho (CV) na capital fluminense. Durante a incursão nas comunidades, ficou claro que “forasteiros” não apenas comandam o crime organizado sob proteção nos grandes complexos, como também participaram do confronto com a polícia na tentativa de defender o território dominado pela facção.
Além dos complexos da Penha e do Alemão, o CV tem na Rocinha e na Maré outras de suas principais fortalezas. Esses QGs são reforçados com centenas de fuzis, bunkers e tecnologia capaz de monitorar a entrada da polícia. É justamente por causa desse aparato que criminosos de várias partes do país passaram a buscar comunidades cariocas como refúgio para exercer sua atividade criminosa à distância.
Entre os suspeitos mortos, 13 eram do Pará, sete do Amazonas, seis da Bahia, quatro do Ceará, quatro de Goiás, três do Espírito Santo, um do Mato Grosso e um da Paraíba.
De acordo com o promotor de Justiça e coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Rondônia, Anderson Batista de Oliveira, o movimento de levar lideranças do CV de outros estados para o Rio tem como objetivo “proteger seu ativo sensível geograficamente”:
“O Comando Vermelho passou, de uns três ou quatro anos para cá, a proteger seu ativo sensível geograficamente nas favelas do Rio. Enquanto os protegidos ficam em locais de difícil acesso, permanecem nos outros estados os soldados, necessários para manter o controle dos territórios dominados — e que, se morrerem, são facilmente substituídos. Quando uma liderança importante é presa, há impacto direto nas atividades da facção. É como em uma empresa: você tem um gerente sênior e não quer alta rotatividade; não quer perder quem já está alinhado com a estratégia.” (As informações são do jornal O Globo)
