O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou nesta segunda-feira (18) que fará a substituição dos dois membros do Conselho de Administração da JBS indicados pelo banco estatal. Com a troca, o BNDES tenta influenciar mais diretamente na escolha de uma nova diretoria da empresa, da qual é acionista.
Segundo o banco, os atuais conselheiros Maurício Luchetti e Claudia de Azeredo Santos renunciaram aos seus cargos. Para as vagas foram indicados Cledorvino Belini, ex-presidente da Fiat Chrysler para a América Latina, e o empresário Roberto Penteado de Camargo Ticoulat, vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo.
A intenção de substituir os atuais conselheiros tinha sido anunciada no último dia 14 pelo presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, e acontece após a maior processadora de carne do mundo escolher José Batista Sobrinho como novo presidente-executivo da JBS, no lugar do seu filho Wesley, preso em investigação de insider trading (uso indevido de informações privilegiadas para lucrar no mercado financeiro).
Segundo o comunicado da companhia, a escolha foi feita pelo conselho de administração da empresa em reunião no sábado em decisão unânime.
Disputa entre família Batista e BNDES
O BNDES e a família Batista travam uma disputa por uma mudança na governança e gestão da empresa. Desde que os irmãos Joesley e Wesley Batista confessaram sua participação em esquemas de corrução em seus depoimentos no acordo de delação premiada, o BNDES tenta afastá-los do comando da JBS.
O BNDES é o segundo maior acionista da JBS, com participação de 21,3% no capital total da empresa por meio do seu braço de participações, o BNDESPar. A FB Capital, empresa que reúne os negócios da família Batista, detém 42% da empresa.
A troca de presidente Wesley ocorre em um momento em que a JBS está executando um plano de venda de ativos de R$ 6 bilhões. A companhia também está em negociação com bancos credores para alongar sua dívida.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Paulo Rabello de Castro, disse nesta segunda que continuará a defender a saída da família Batista do comando da JBS.
“O banco permanecerá firme como uma rocha na sua posição como sócio da empresa influindo tudo que for possível para consertar a péssima governança da companhia”, afirmou à Reuters.
O banco defende ampla reformulação da diretoria executiva e do conselho de administração e cobra “governança impecável” da JBS.
“Estamos preocupados com os investimentos, empregos e as repercussões negativas no mercado pecuário. O que nós queremos na JBS é a boa governança, assim como exigimos de todas as empresas em que o BNDES tem participação acionária. Essa é a condição básica para receber apoio financeiro do Banco. A JBS está descumprindo uma obrigação nessa relação, que é ter uma governança impecável”, disse em nota o presidente do BNDES.
A JBS informou nesta segunda, em comunicado, que “o momento atual é de equilíbrio, de união e de pensar no melhor interesse da empresa e de seus acionistas, tendo assim agido o conselho de administração, em estrita consonância com a lei e o estatuto social da companhia”.
Confira a íntegra da nota do BNDES:
A diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou a indicação do ex-presidente da Fiat Chrysler para a América Latina, Cledorvino Belini, e do empresário Roberto Penteado de Camargo Ticoulat, vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo, para compor o Conselho de Administração da JBS. Eles substituirão Maurício Luchetti e Claudia de Azeredo Santos, que renunciaram aos seus cargos e a quem o BNDES agradece por seu excelente trabalho na busca do melhor interesse da companhia como representantes do Banco no conselho.