O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (7) que acabou com a Operação Lava-Jato porque, segundo ele, não há mais corrupção no governo, no momento em que se alia politicamente a investigados da força-tarefa no Congresso e se aproximou de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) críticos à investigação.
“É um orgulho, uma satisfação que eu tenho dizer para essa imprensa maravilhosa nossa que eu não quero acabar com a Lava-Jato, eu acabei com a Lava-Jato, porque não tem mais corrupção no governo”, disse Bolsonaro, sob palmas, em evento no Palácio do Planalto para lançamento do programa Voo Simples, de medidas para o setor aéreo.
“Sei que não é virtude, é obrigação”, afirmou o presidente, ao destacar que faz um governo de “peito aberto”.
Bolsonaro indicou o desembargador Kassio Nunes, do TRF1 (Tribunal Regional Federal da Primeira Região), para a cadeira ocupada atualmente pelo decano do STF, Celso de Mello, que se aposenta na próxima semana.
Nunes é tido como garantista e conta no Supremo e no Congresso, respectivamente, com o respaldo de ministros e parlamentares críticos da Lava-Jato.
Na solenidade no Planalto, sem citar o nome do desembargador, Bolsonaro fez uma defesa de suas indicações. “Quando eu indico qualquer pessoa para qualquer local, eu sei que é uma boa pessoa tendo em vista a quantidade de críticas que ela recebe da grande mídia”, ironizou.
O desembargador vai ser sabatinado pelo Senado no dia 21 de outubro e, se for aprovado, empossado a seguir como ministro do STF, a primeira indicação de Bolsonaro para a corte.
Bolsonaro foi eleito em 2018 no rastro da bandeira de combate à corrupção e fazendo uma defesa enfática da Lava-Jato. Escalou para seu governo o ex-juiz Sérgio Moro, símbolo da operação, como ministro da Justiça e Segurança Pública.
Contudo, após desentendimentos com Moro, que o acusou de tentar interferir na Polícia Federal, o presidente demitiu-o do governo no final de abril e acabou por se aproximar de investigados na operação.
Assuntos econômicos
Bolsonaro afirmou ainda nesta quarta-feira que a palavra final sobre assuntos econômicos é de duas pessoas, dele e do ministro da Economia, Paulo Guedes, e acrescentou que se surpreende com oscilações do mercado após declarações de ministro ou integrante do segundo escalão do governo.
“Me surpreende por vezes o mercado, por declaração de um ministro ou de um funcionário do segundo escalão, falar alguma coisa e aquilo passar a ser verdade, a Bolsa cai, o dólar sobe”, disse.
“A palavra final na economia não é de uma pessoa, são de duas pessoas: eu e Paulo Guedes”, completou ele. As informações são da agência de notícias Reuters.