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Bolsonaro convoca ministros para tratar de vacinação em reunião de emergência no Planalto

Bolsonaro lança programa que permitirá que capital privado ajude a manter áreas de conservação na Amazônia. (Foto: Agência Brasil)

Em meio às dificuldades do Ministério da Saúde para dar início à vacinação nacional contra a covid-19, o presidente Jair Bolsonaro convocou uma reunião de última hora, fora da agenda, no Palácio do Planalto, com cinco de seus ministros. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, também participou do encontro. Ele estava sendo representado inicialmente pelo número 2 da pasta, o secretário-executivo Élcio Franco.

A reunião começou às 14h30 e contou com a participação dos ministros Fábio Faria (Comunicações), Paulo Guedes (Economia), Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

Internamente, o governo está insatisfeito com a vitória política do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberar, no domingo (17), o uso emergencial de duas vacinas contra a covid-19.

Vacina

Bolsonaro afirmou na manhã desta segunda (18) que a vacina é “do Brasil, não é de nenhum governador”.

A fala, em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, foi um recado velado ao governador de São Paulo, João Doria, que iniciou a vacinação ainda no domingo, sem esperar a distribuição do Ministério da Saúde — ato classificado pelo ministro Eduardo Pazuello como ilegal. O próprio presidente, no entanto, já vinculou diversas vezes a CoronaVac ao governador, chamando o imunizante inclusive de “vacina chinesa do João Doria”.

O presidente, que colocou a eficácia dos imunizantes em dúvida diversas vezes, afirmou, no entanto, que após a aprovação da Anvisa “não tem o que discutir mais”. Mas logo em seguida criticou a CoronaVac, sem citá-la diretamente, comparando a sua taxa de eficácia geral (de 50,38%) a “jogar uma moedinha pra cima”. Ele também declarou que trata-se de uma “vacina emergencial”, e que “ninguém sabe ainda se teremos efeitos colaterais ou não”.

Ainda segundo o presidente, a vacina é para quem ainda não pegou a doença. Esta, no entanto, não é a recomendação do Ministério da Saúde.

“Pessoal, uma notícia: apesar da vacina… Apesar, não. A Anvisa aprovou, não tem o que discutir mais. Agora, havendo disponibilidade no mercado, a gente vai comprar e vai atrás de contratos que fizemos também, que era para ter chegado a vacina aqui. Não desistam do tratamento precoce. Não desistam. A vacina é pra quem não pegou ainda, e essa vacina daí é 50% de eficácia. Ou seja, jogar um moedinha pra cima é 50%. Então, está liberada a aplicação no Brasil. E a vacina é do Brasil, não é de nenhum governador, não, é do Brasil”, disse Bolsonaro aos simpatizantes.

O presidente então prosseguiu na sua defesa de remédios que não têm eficácia cientificamente comprovada contra a covid:

“E o tratamento precoce, mais uma prova que dá certo, é que há questão de poucos meses nós éramos o país que tinha mais mortes por milhão de habitantes. Agora estamos, se eu não me engano, no 25º lugar. Só tem uma explicação.”

Um vídeo contendo parte das declarações foi divulgado no fim da manhã, com diversos cortes, por um canal de YouTube bolsonarista. No início da tarde, outra gravação foi disponibilizada em um grupo do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, em um aplicativo de mensagens. Esta continha outros trechos, ocultados do primeiro vídeo.

Em outro momento, que só está no vídeo divulgado por Carlos Bolsonaro, um apoiador pergunta se a vacina da CoronaVac, a única disponível no Brasil até o momento, será obrigatória ou não, e o presidente reforça suas reservas ao imunizante:

“No que depender de mim, não será obrigatória. É uma vacina emergencial, 50% de eficácia, algo que ninguém sabe ainda se teremos efeitos colaterais ou não”, declarou.

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