O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira (3), que irá aos Estados Unidos, provavelmente em fevereiro, para ser apresentado à tecnologia de “transmissão de energia elétrica sem meios físicos”.
Segundo Bolsonaro, ele se reunirá com empresários militares para tratar da tecnologia. “Se for real, e de acordo com a distância, que maravilha. Vamos resolver o problema de energia elétrica de Roraima passando por cima da floresta”, afirmou o presidente.
Em seguida, Bolsonaro disse que o governo tenta construir o “Linhão do Tucuruí” para transmitir energia na região, mas não consegue por dificuldade de atravessar uma reserva indígena.
O presidente disse que “está prevista” a sua ida ao Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, que ocorre de 21 a 24 de janeiro. O mandatário disse que em seguida viajará para a Índia. “Na Índia é comércio enorme que vamos abrir mais as portas ainda”, afirmou.
Tecnologia distante
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira que vai aos EUA no próximo mês para conhecer uma solução de “transmissão de energia elétrica sem meios físicos”, mas a tecnologia apontada pelo governante como eventual solução para problemas de suprimento em Roraima é algo distante da realidade, improvável de ser aplicada atualmente, segundo especialistas.
O Estado da Região Norte tem enfrentado dificuldades energéticas porque era abastecido principalmente por importações da Venezuela, e o projeto de um linhão de transmissão visto como saída para a situação se arrasta há anos em meio a dificuldades de obtenção de licença ambiental para início das obras.
A afirmação do presidente a jornalistas, no entanto, causou estranhamento entre especialistas, que apontaram que sistemas para transmissão de eletricidade sem fio, quando existem, são ainda experimentais e aplicáveis apenas em pequena escala.
Licitado ainda em 2011, o linhão que conectaria Roraima ao sistema elétrico interligado do Brasil, do qual o Estado ainda não faz parte, não avançou mesmo após o governo Bolsonaro ter definido em fevereiro do ano passado que o empreendimento é prioritário e “de interesse nacional”.
Especialistas do setor de transmissão de energia, no entanto, questionaram a possibilidade de uma solução inovadora como a citada pelo presidente ser aplicada no Estado, que tem população estimada de 605 mil pessoas.
O projeto atual para resolver a crise energética de Roraima prevê a construção de uma linha de alta tensão (500 kilovolts) com 715 quilômetros até Manaus (AM), orçada em 2,6 bilhões de reais, que quando concluída permitiria o recebimento de energia do sistema elétrico interligado nacional (SIN).
“Obviamente que isso é uma meta, é um sonho chegar a esse ponto. Eu sei que há pesquisas realmente nessa área, mas até onde se sabe isso está limitado a baixíssimas potências. Está muito longe de ser o que é necessário (para Roraima)”, disse à Reuters o professor aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ruy Carlos Ramos de Menezes.
“Certamente é uma coisa para o futuro, tudo indica que haverá (a tecnologia). Agora, a preocupação com Roraima imagino que seja muito mais imediata. Achar que essa tecnologia é solução para o linhão é realmente um disparate”, acrescentou.
Argentina
Bolsonaro falou que não está previsto, mas receberia no Brasil com “honras de chefe de Estado” o presidente da Argentina, Alberto Fernández. “Temos bom comércio em boas áreas. Espero que medida de sobretaxar distribuição de grãos, trigo, não valha para nós. E continuamos aqui buscando consolidação do acordo entre Mercosul e União Europeia”, afirmou.