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Bolsonaro fica de frente com o ministro Alexandre de Moraes em posse no Superior Tribunal de Justiça, dois dias após operação que mirou aliados do presidente

Bolsonaro participou da posse da nova presidente da Corte, Maria Thereza de Assis Moura. (Foto: Rafael Luz/STJ)

Dois dias após a operação da PF (Polícia Federal) que atingiu empresários ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL), autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e criticada pela vice-procuradora-Geral da República, Lindôra Maria Araújo, os três se encontraram na tarde desta quinta-feira (25) no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Bolsonaro, Moraes e Lindôra estiveram frente a frente durante a posse da nova presidente da Corte, Maria Thereza de Assis Moura.

Lindôra abriu o seu discurso cumprimentando as autoridades presentes, e citou nominalmente os ministros do STF Gilmar Mendes, Lewandowski, Rosa Weber, Nunes Marques e André Mendonça. O presidente da Corte Luiz Fux, o presidente Jair Bolsonaro e o presidente do Senado Rodrigo Pacheco também foram mencionados.

Alexandre de Moraes, por sua vez, foi cumprimentado apenas no encerramento da fala da vice-procuradora-Geral e foi aplaudido pelos presentes da cerimônia. Bolsonaro não acompanhou os demais nas palmas e permaneceu imóvel.

A operação que mirou empresários bolsonaristas suspeitos de compartilharem mensagens golpistas em um grupo de WhatsApp foi deflagrada na última terça-feira e determinada pelo ministro Alexandre de Moraes.

Os empresários alvos da operação integravam um grupo de WhatsApp no qual foi discutida a realização de um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencesse as eleições. As conversas virtuais foram reveladas em reportagem do site Metrópoles.

O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta quinta-feira o que chamou de “agressão à liberdade de expressão”.

Em publicação em suas redes sociais, Bolsonaro citou os trechos da Constituição que tratam sobre liberdade de expressão e afirmou que a agressão a ela é “típica daqueles que se dizem ESTADISTAS, mas posam ao lado de DITADORES”.

Apesar de o presidente não ter feito menção à operação, o argumento de que teria sido um atentado à liberdade de expressão tem sido utilizado por aliados para criticar a operação

Na quarta-feira, Bolsonaro já havia criticado a operação, também fazendo uma relação com a “turminha da carta pela democracia”. Em tom irônico, o presidente cobrou um posicionamento dos grupos que assinaram, há duas semanas, manifestos em prol da democracia.

“Somos ainda um país livre. Eu pergunto a vocês: o que aconteceu no tocante aos empresários agora? Esses oito empresários. Dois eu tenho contato com eles: Luciano Hang e Meyer Nigri. Cadê aquela turminha da carta pela democracia? A gente sabe que época de campanha continuam lobos em pele de cordeiro. Acreditar que eles são democratas e nós não somos? Cadê a turminha da carta pela democracia?”, disse o presidente, durante evento de campanha em Betim (MG).

A operação também gerou um novo desentendimento entre a PGR e Moraes. Na quarta-feira, a vice-procuradora-geral da República Lindora Araújo fez críticas à atuação de Moraes no caso, por não ter aguardado um posicionamento da PGR antes de determinar as medidas cautelares. Moraes intimou a PGR na segunda-feira, quando já havia proferido a decisão da operação.

“É absolutamente inviável que medidas cautelares restritivas de direitos fundamentais, que não constituem um fim em si mesmas, sejam decretadas sem prévio pedido e mesmo sem oitiva do Ministério Público Federal. Ora, é o Parquet quem deve verificar a necessidade/utilidade das medidas cautelares, aferindo-o sob uma ótica de viabilidade para a persecução penal”, diz o documento. As informações são do jornal O Globo.

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