Após a repercussão negativa na campanha, o presidente Jair Bolsonaro (PL) gravou uma declaração se desculpando por afirmar, ao menos três vezes, que meninas venezuelanas se prostituem para viver no Brasil. “Se as minhas palavras, que, por má-fé, foram tiradas de contexto e que, de alguma forma foram mal entendidas ou provocaram algum constrangimento às nossas irmãs venezuelanas, peço desculpas”, disse o chefe do Executivo ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e da embaixadora da Venezuela do autoproclamado presidente Juan Guaidó, María Teresa Belandria, no vídeo divulgado nesta terça-feira (18).
Na gravação, Bolsonaro mostra-se “indignado” com o que chama de ações de militantes de esquerda inomináveis. “Sem nenhum pudor, estão pressionando mulheres venezuelanas a fim de obterem vantagem política neste momento”, disse, sem dar detalhes. De acordo com o presidente, as palavras ditas por ele refletiam uma preocupação de sua parte no sentido de evitar qualquer tipo de exploração de mulheres vulneráveis.
Segundo informações da Coluna do Estadão, do jornal O Estado de S. Paulo, as adolescentes citadas foram procuradas, mas se recusaram a gravar vídeos para ajudar a desfazer o mal-estar. A equipe de Bolsonaro queria que algumas delas divulgassem uma mensagem, sozinhas, dizendo que tudo havia sido um mal-entendido e havia sido esclarecido. As jovens e suas mães, no entanto, ficaram com receio da exposição e do desgaste que isso poderia gerar.
No vídeo de desculpas, Bolsonaro afirmou que a então ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, esteve no local em seguida de sua visita, em 2020, e constatou que a casa visitada pelo presidente não abrigava meninas que se prostituíam. Apesar disso, em vídeo compartilhado nesta terça-feira nas redes sociais pela socióloga Rosângela da Silva – a Janja, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) –, Bolsonaro afirma, sem provas, que as meninas venezuelanas que ele encontrou em 2020 na periferia de Brasília estavam “arrumadinhas” para fazer “programa”. A declaração foi dada por ele ao podcast Collab em 12 de setembro, um mês antes da declaração de que havia “pintado um clima” entre ele e as garotas no mesmo episódio.
“Me chamou a atenção. Menina bonitinha, sábado? Por que me chamou atenção? Eram parecidas. Eu vi que apareceu mais uma, mais outra. Daí eu desci da moto e disse: Posso entrar aí? Tinha umas 15 meninas dessa faixa etária, 14, 15, 16 anos. Todas muito bem arrumadas, tinham tomado banho, estavam fazendo o cabelo. Venezuelanas. Estavam se arrumando pra quê? Alguém tem ideia? Quer que eu fale? Então, vou falar: para fazer programa”, disse Bolsonaro ao podcast Collab.
Na sexta-feira (14), Bolsonaro voltou a tratar do encontro em entrevista ao canal Paparazzo Rubro-Negro, provocando uma reação de adversários que foi parar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após ele responder a uma pergunta sobre a hipótese de o Brasil se tornar comunista numa eventual vitória de Lula.
“Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, de moto. Parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas no sábado numa comunidade, e vi que eram parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’, entrei. Tinha umas 15, 20 meninas sábado de manhã se arrumando. Todas venezuelanas. Aí, eu te pergunto: Menina bonitinha se arrumando sábado de manhã para quê? Para ganhar a vida”, disse.
Há ao menos mais um vídeo no qual Bolsonaro trata do assunto, durante apresentação feita na Apas Show, realizada em maio deste ano em São Paulo. “Meninas bonitas, de 14, 15 anos, se arrumando sábado à tarde para quê? É isso que queremos para nossas filhas e netas?”, questionou, de novo, no contexto de eventual vitória da esquerda no Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
