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Bolsonaro pediu ajuda a advogado de Trump sobre como reagir ao tarifaço, diz a Polícia Federal

O ex-presidente enviou, em 14 de julho, áudio ao advogado Martin de Luca, que representa a Trump Media & Technology Group, do presidente americano. (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

A Polícia Federal (PF) encontrou uma mensagem de áudio em que Jair Bolsonaro se dirige a um advogado representante de uma empresa de Donald Trump. O ex-presidente pedia ajuda para escrever uma nota sobre o tarifaço de Trump contra o Brasil.

Jair Bolsonaro enviou o áudio ao advogado Martin de Luca, que representa a Trump Media & Technology Group, do presidente americano Donald Trump, e também a plataforma de vídeos online Rumble, no dia 14 de julho deste ano – cinco dias depois que Donald Trump anunciou o tarifaço contra o Brasil.

No áudio, Bolsonaro pede orientação sobre o que postar nas redes e afirma ter escrito um texto com elogios a Trump.

“Martin, peço que você me oriente também, me desculpa aqui tá, minha modéstia, como proceder. Eu fiz uma nota, acho que eu te mandei. Tá certo? Com quatro pequenos parágrafos, boa, elogiando o Trump, falando que a questão de liberdade tá muito acima da questão econômica. A perseguição a meu nome também, coisa que me sinto muito… pô, fiquei muito feliz com o Trump, muita gratidão a ele. Me orienta uma nota pequena da tua parte, que eu possa fazer aqui, botar nas minhas mídias, para chegar a vocês de volta aí. Obrigado aí. Valeu, Martin.”

O advogado Martin de Luca representou a Trump Media e a Rumble em ações judiciais, nos Estados Unidos, que acusam o ministro Alexandre de Moraes de censura e violação de tratados internacionais.

Segundo a PF, também no dia 14 de julho, o advogado apresentou uma petição à Justiça americana na ação movida contra Moraes e mandou uma cópia do documento para Bolsonaro.

A Polícia Federal encontrou esse documento, impresso, durante uma busca na casa do ex-presidente.

Na quarta-feira (20), o advogado, que não é investigado, disse que a tentativa da Polícia Federal e de Moraes de retratar correspondência profissional rotineira como evidência de “subordinação estrangeira” é a mais recente manobra desesperada para manter a imagem do ministro.

Martin de Luca afirmou:

“Como advogado americano, costumo fornecer orientação jurídica e de comunicação. Esse é o meu trabalho. Oferecer feedback em uma breve nota pública ou transmitir um processo judicial público é algo totalmente comum. No entanto, essas ações rotineiras agora são distorcidas por teorias da conspiração.”

Segundo a Polícia Federal, o pedido de Bolsonaro ao advogado americano revela um alinhamento do ex-presidente e uma atuação coordenada com aliados de Trump para pressionar autoridades brasileiras, inclusive ministros do Supremo.

Foi identificado que o ex-presidente Jair Bolsonaro atuou em período de tempo relevante para o contexto investigativo, de forma subordinada às pretensões de grupo estrangeiro, com a finalidade de obter apoio a pretensões pessoais, no sentido de implementar ações criminosas de coação a membros da Suprema Corte, visando impedir o pleno exercício do Poder Judiciário brasileiro nas ações penais em curso que apuram os atos de tentativa de golpe de Estado.

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