Ícone do site Jornal O Sul

Bolsonaro sonda senadores antes de confirmar a indicação do filho Eduardo como embaixador do Brasil nos Estados Unidos

Bolsonaro (D) defendeu ainda uma revisão na Lei Antiterrorismo para enquadrar atos de depredação em manifestações como terrorismo. Na foto, o presidente posou com o filho Eduardo. (Foto: Divulgação)

O presidente Jair Bolsonaro iniciou nos bastidores um movimento para avaliar as chances de aprovação pelo Senado da indicação do seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para o posto de embaixador do Brasil nos Estados Unidos.

Interlocutores do presidente têm feito sondagens junto a senadores que integram a CRE (Comissão de Relações Exteriores), responsável por autorizar a nomeação de um indicado pelo Poder Executivo à função diplomática.

Segundo assessores, Bolsonaro está determinado a oficializar a indicação, mas, em conversas reservadas, demonstrou incômodo com a possibilidade de rejeição, o que representaria uma derrota pessoal por se tratar de seu filho.

Os sinais iniciais emitidos pelos senadores preocupam. Um primeiro placar esboçado por emissários de Bolsonaro aponta que o parlamentar teria hoje o apoio de apenas oito dos 17 integrantes da comissão. A previsão de um placar apertado no colegiado já leva auxiliares presidenciais a considerarem fundamental uma ação reforçada junto ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Mesmo que o governo sofra uma derrota na comissão, por exemplo, o cenário adverso pode ser revertido no plenário (basta maioria simples para a aprovação). Aliados de Alcolumbre afirmam que, embora não tenha gostado da indicação, ele não pretende trabalhar contra o filho do presidente.

A posição do senador Marcos do Val (Cidadania-ES), que costuma ser alinhado à pauta governista, surpreendeu o presidente. Logo após a notícia da intenção de indicar Eduardo, o parlamentar se manifestou contrário à ideia e é considerado um voto perdido.

Na CRE, o governo tem margem de manobra reduzida. Há apenas uma vaga não ocupada, que, em caso de emergência, poderia ser preenchida por um senador simpático a Bolsonaro. Há ainda pouca segurança de assessores palacianos sobre pelo menos três votos, entre eles o do senador Romário (Podemos-RJ).

As demonstrações de insatisfação no Senado começaram a se tornar públicas. “Foi talvez o maior erro do presidente até agora, até porque envolve o próprio filho, sem ter pelo menos tentado entender qual o sentimento hoje do Senado”, disse a presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), a senadora Simone Tebet (MDB-MS). “A sabatina [na CRE] expõe demais o governo e pode dar uma fragilidade que o governo ainda não tem na Casa”, acrescentou.

Na avaliação dela, que é suplente na comissão que vota a indicação, hoje o nome de Eduardo correria “sérios riscos” de não ser aprovado, e o episódio “não tem precedentes em países democráticos”.

Sair da versão mobile