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Bolsonaro tem segurança ampliada no Rio de Janeiro

Bolsonaro ainda vê risco para sua segurança. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

O candidato do PSL à Presidência da República nas eleições 2018, Jair Bolsonaro, tem sua segurança ampliada. Ele foi na tarde de terça-feira (23), à casa do empresário Paulo Marinho, no Jardim Botânico (zona sul do Rio de Janeiro), para gravar as últimas cenas para o horário eleitoral gratuito, que termina na próxima sexta-feira (26). Mas acabou não gravando, segundo o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, porque estava indisposto com a bolsa de colostomia que usa desde que foi alvo de uma facada, em 6 de setembro.

Bolsonaro saiu após pouco mais de uma hora, sem falar com a imprensa. “Provavelmente ele vai gravar na casa dele mesmo”, afirmou Bebianno.

Bolsonaro seguiu de sua casa, na Barra da Tijuca (zona oeste), até o Jardim Botânico cercado por um grupo de segurança aparentemente maior do que o acompanhou em deslocamentos anterior. Questionado sobre isso, Bebianno afirmou que a equipe de segurança que acompanha o presidenciável aumentou de 25 para 30 agentes, a partir desta terça-feira. Embora não tenha recebido ameaças recentes, segundo Bebianno, Bolsonaro ampliou a segurança em função da suposta intenção de facções criminosas de matar o presidenciável. “Uma investigação indica envolvimento do PCC com o episódio da facada que ele recebeu”, afirmou.

“Pessoas que sairão dos porões”

O candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à presidente da República, Fernando Haddad, disse que, ao contrário do ex-adversário Ciro Gomes (PDT), não vai deixar o País se Jair Bolsonaro, candidato do PSL e líder nas pesquisas de intenção de votos vencer o pleito, mas admitiu, brincando, que também vai chorar.

Em sabatina no jornal O Globo, Haddad afirmou que mais do que a vitória de Bolsonaro, teme as pessoas que “sairão dos porões” se ele for eleito. “A gente tem medo do que vem com ele, ele próprio é um soldadinho de araque”, afirmou a jornalistas. “Eu vou lutar em qualquer circunstância, mesmo sendo ameaçado”, completou, afirmando não temer tanto o candidato, mas as pessoas “que vão sair dos porões” junto com o Bolsonaro, que já declarou admirar torturadores.

“Regimes autoritários criam fantasmas para vender uma vacina que não existe, temo muito o que pode acontecer se ele vencer, lamento inclusive por vocês (jornalistas) que vão perder a liberdade de expressão”, avaliou.

Haddad informou durante a entrevista que ele e sua família estão sendo ameaçados por apoiadores do candidato do PSL e que condena as táticas usadas para enganar o eleitorado, citando o caso da bíblia que ganhou em um comício em Fortaleza e que posteriormente foi supostamente encontrada por um aliado de Bolsonaro no lixo. “Felizmente o ministro que me deu fez questão de vir até o Rio e me dar outra, mas isso (de jogar no lixo) nunca existiu”, esclareceu Haddad.

O candidato também reclamou da divulgação pelo adversário de que seria ateu. “O Bolsonaro disse na TV que eu sou ateu, e ninguém faz nada sobre isso, e quem olha isso não vota no Haddad. E por acaso não sou, sou cristão, sou batizado, escolhi casar na igreja, batizei meus filhos na igreja”, afirmou.

Fernando Haddad disse também que a facada sofrida por Bolsonaro em 6 de setembro acabou por beneficiar a campanha do capitão reformado e aumentou suas chances de se eleger. “Ninguém quer ser esfaqueado para ganhar uma eleição. O fato é que ele subiu dez pontos em uma semana no nosso tracking, isso é fato. Estava entre 18 e 19, o (candidato do PSDB Geraldo) Alckmin estava subindo, indo para o segundo turno com o PT, e ele (Bolsonaro) foi para 28 em dez dias, subiu um ponto por dia”.

Ao responder sobre a dificuldade de conseguir apoios no segundo turno, Haddad afirmou que o PT nunca teve expectativas de trazer o PSDB. Ele lamentou o fato de Ciro Gomes (PDT) não estar a seu lado na campanha. “Fiz minha parte para defender o que considero um projeto democrático de País, sabendo que, em caso de vitória, preciso ampliar o governo para ser mais representativo da sociedade”, disse.

“Eu trabalhei com pessoas do PSDB tanto no Ministério da Educação quanto na prefeitura (de São Paulo). Talvez eu seja o petista mais bem relacionado hoje com o PSDB. Eu não sei qual vai ser o futuro do PSDB na eventualidade de o Bolsonaro ganhar. Eles têm raiz social democrata, o que, na minha opinião, deveria ser valorizada. Acho lamentável que o PSDB tenha aderido à negação do que representa”, continuou.

Escalada armamentista

Fernando Haddad disse ainda que há risco de confronto bélico no continente se Bolsonaro se eleger, diante de suas declarações sobre a situação na Venezuela. Respondendo a uma pergunta de um jornalista argentino, ele afirmou também que é preocupante a possibilidade de o País ceder aos Estados Unidos a base de Alcântara, no Maranhão, da Força Aérea Brasileira, num governo do PSL.

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