O presidente Jair Bolsonaro tirou a manhã desse domingo (4) para rebater críticas de seus apoiadores, nas redes sociais, à indicação do desembargador Kassio Marques para a vaga que será deixada pelo ministro Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal (STF).
A liberação para uma licitação do STF que previa a compra de alimentos como lagostas e vinhos caros, a suposta proximidade ao PT, a pecha de “desarmamentista” atribuída ao desembargador e o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) são algumas das críticas nas redes sociais do presidente. Bolsonaro respondeu algumas dessas mensagens.
“Baseado em que fato concreto você critica o desembargador Kassio Nunes?”, questiona Bolsonaro a quem pediu para ele rever a indicação. “Você não procurou fontes sobre todas essas acusações”, disse o presidente para outros dois apoiadores.
Um seguidor citou o episódio das lagostas, classificando a indicação como “péssima escolha” e afirmando: “Está criando cobras que lhe darão o bote!!!!”. Bolsonaro respondeu em seguida: “aguarde, outra mentira”.
Em maio do ano passado, o desembargador Kassio Marques proferiu uma decisão liberando uma licitação do STF que previa a compra de alimentos como lagostas e vinhos caros. A compra havia sido derrubada por uma juíza federal, mas Marques cassou a decisão dela e apontou não ver irregularidades na licitação.
Apoiadores do presidente também reclamaram de supostas preferências “desarmamentistas” de Marques. Na conversa, um usuário da rede social questionou a Bolsonaro se era verdade que Marques é um “CAC”, como são conhecidos Colecionadores, Atiradores e Caçadores esportivos. Esse apoiador pergunta ainda se isso pode “nos ajudar nos processos de posse e porte”.
Bolsonaro responde: “Ele é CAC, mas tem uma outra mentira sobre ele nesse assunto que explicarei até amanhã”.
O presidente também defende Marques pela sua participação na decisão de suspender a ordem de primeira instância para extradição do terrorista italiano Cesare Battisti. O desembargador votou com os outros colegas da turma em favor da suspensão da extradição. Segundo Bolsonaro, Marques “participou de julgamento que tratou exclusivamente de matéria processual e não emitiu nenhuma opinião ou voto sobre a extradição”.
Marques foi indicado desembargador federal pela então presidente Dilma Rousseff, em 2011, após ter sido o mais votado em lista tríplice da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Para um apoiador do presidente, há “proximidade do desembargador com o PT”.
Bolsonaro tenta minimizar essa relação: “Você sabe quantos ministros e secretários meus já trabalharam nos governos do PT? Você acha que eu deveria demitir o Tarcísio?”.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, um dos auxiliares do presidente mais festejados pelos apoiadores do governo nas redes sociais, trabalhou em governos petistas e foi diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) durante o governo Dilma.
Para um seguidor que pediu a indicação do ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Ives Gandra Martins Filho, Bolsonaro afirmou que “tinha vários bons candidatos e apenas uma vaga”. E aproveitou, em outra resposta, para citar o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que saiu do governo acusando o presidente de tentar interferir na Polícia Federal e já foi apontado como principal candidato para a vaga no STF: “há pouco tempo exigiam para que indicasse o Moro……”
Além da indicação de Marques, Bolsonaro foi questionado sobre a visita dele no sábado (3) à casa do ministro do STF Dias Toffoli, com a presença de Davi Alcolumbre. Bolsonaro respondeu: “Preciso governar. Converso com todos em Brasília. Um abraço”.
O filho do presidente Carlos Bolsonaro também foi às redes sociais defender a reunião do pai com o ministro do STF e com o senador e a foto que registra o encontro dos três. Segundo Carlos, “tenta-se costurar alternativa para que o Brasil ande”.
