Em reunião privada em junho de 2011, a presidenta Dilma Rousseff disse ao então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que a renegociação do Tratado de Itaipu com o Paraguai seria usada como argumento para persuadir Assunção a aceitar a Venezuela no Mercosul. A reunião foi registrada em telegrama secreto redigido por um funcionário do Itamaraty. O documento, obtido pelo jornal Folha de S.Paulo, indica que a renegociação serviu de moeda de troca pelo Brasil para favorecer o governo Chávez.
No mês anterior ao encontro, o Senado brasileiro havia aprovado um acordo entre Brasil e Paraguai que triplicou o valor pago pelo governo ao país vizinho pelo excedente de energia da hidrelétrica. Na época, a oposição no Senado disse que o valor pago passaria de 120 milhões de dólares para 360 milhões de dólares anuais.
O documento diplomático foi entregue pelo Itamaraty ao Ministério Público Federal do Distrito Federal no inquérito civil que apura suposto tráfico de influência do ex-presidente Lula na relação entre governos estrangeiros e empreiteiras brasileiras. No encontro com Chávez, Dilma disse, segundo o telegrama, que a adesão da Venezuela ao Mercosul fortaleceria o bloco. Naquele momento, o Paraguai se opunha à ideia.
Dilma procurou acalmar Chávez: “Lula está empenhado, junto a interlocutores no Paraguai, na aprovação da adesão da Venezuela pelo Congresso paraguaio. Nós aqui também estamos ajudando. A aprovação do acordo por troca de notas sobre Itaipu, pelo Congresso brasileiro, deverá contribuir para que o Congresso paraguaio se torne mais propenso a examinar favoravelmente a questão da adesão da Venezuela”. (Folhapress)