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Brasileiros estão presos nos Estados Unidos por travessia ilegal via Bahamas

Renato Soares de Araujo, mineiro de 32 anos, é um dos brasileiros desaparecidos no Caribe. (Foto: Reprodução)

Catorze brasileiros que atravessaram ilegalmente de barco das Bahamas para os Estados Unidos estão presos em um centro de detenção em Pompano Beach, na Flórida. Eles usaram a mesma rota ilegal utilizada pelos 14 brasileiros que estão desaparecidos desde 6 de novembro, segundo informações do Itamaraty.

A rota não é nova. Há registro de brasileiros detidos nas Bahamas desde 2011, acusados de tentar emigrar ilegalmente para os Estados Unidos. Foram 65 em 2012, 55 em 2013, 50 em 2014, 56 em 2015 e este ano deve ter ligeira alta, chegando a 70. Além desses, há os brasileiros que são presos ao chegar nos EUA, mas o governo americano não faz notificação compulsória. Os EUA só informam o governo brasileiro quando há autorização do detido. “Por isso temos certeza de que o número de detidos é bem maior”, diz Luiza Lopes da Silva, diretora do departamento Consular e de Brasileiros no Exterior.

Conforme ela, muitos preferem a rota das Bahamas porque a entrada pelo México está cada vez mais perigosa, por causa da atuação dos cartéis do tráfico. “E a travessia feita a pé pelo deserto também é insegura e muitos sofrem desidratação”, diz.

Efeito “últimos dias de Obama”

Além disso, há um efeito “últimos dias de Obama”. “Muitos brasileiros com quem conversamos lá nos EUA dizem que parentes ou amigos estão acelerando a ida para o país, porque querem chegar antes de Donald Trump assumir, no dia 20 de janeiro”, diz Luiza. Trump prometeu endurecer a repressão à imigração ilegal.

O barco com 14 brasileiros desaparecidos teria deixado as Bahamas em 6 de novembro. No dia 15, familiares deles entraram em contato com a embaixada brasileira em Nassau, relatando o desaparecimento. As guardas costeiras dos EUA e das Bahamas estão fazendo buscas pelo barco e monitorando por satélite. Nenhum naufrágio foi registrado, segundo o Itamaraty.

De acordo com a Folha de S.Paulo, as autoridades trabalham com dois cenários mais prováveis. No primeiro, os brasileiros continuam nas Bahamas, detidos pelos coiotes, que suspenderam a travessia com medo de serem interceptados e estão mantendo os brasileiros incomunicáveis. O segundo cenário é o de que eles estariam no barco, à deriva ou ancorados em algum lugar.

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