O uso de câmeras corporais nos coletes dos policiais da Brigada Militar (BM) está completando um ano. Ao longo deste período, a medida adotada apresentou resultados positivos como uma queda de nos registros de resistência (-87%), desacato (-70%) e desobediência (-65%). Além disso, a ferramenta oferece uma possibilidade adicional de prova para condenação de criminosos.
Antes da adoção dessa tecnologia, eram também mais comuns os questionamentos ao trabalho da corporação nas ruas, o que acabava por gerar receios entre alguns dos seus integrante. O titular do Comando de Policiamento da Capital (CPC), coronel Fábio da Silva Schmitt, ressalta:
“O PM pode trabalhar com mais tranquilidade, profissionalismo e respaldo da prova audiovisual. Mesmo com menos prisões por resistência ou desacato, aumentaram as apreensões de armas, drogas e flagrantes qualificados. Isso significa menos confrontos, mais transparência e maior confiança da comunidade na Brigada Militar”.
São cerca de mil câmeras corporais em uso pelos brigadianos de Porto Alegre, gerando mais de 4 mil gravações por dia. Cada um deles sai às ruas com equipamento que registra áudio e vídeo, além de contar com sistema GPS de georreferenciamento, garantindo assim maiores transparência e rapidez nas respostas.
Como funciona
– Na entrada do turno de serviço, o policial utiliza a câmera que está designada para ele e a acessa pelo número de sua identificação funcional (ID), no qual ficam gravados todos os registros do turno operacional.
– Ele não precisa iniciar a gravação, que começa imediatamente após a coleta do equipamento de sua base de carregamento e só termina de gravar quando volta a ser conectada para recarregar a bateria.
– O equipamento é afixado no fardamento, na região central do tórax, e o policial não consegue desligar a câmera. A gravação terá dois modos: gravação de rotina e gravação de eventos (ocorrências).
– A gravação de rotina é registrada em baixa resolução. Durante ocorrências, o policial aciona o botão para gravação em alta qualidade. As imagens podem ser acessadas remotamente pela central de comando e controle, sob acompanhamento em tempo real.
– O policial também pode interligar registros da ocorrência com o vídeo gravado, podendo adicionar detalhes e informações sobre o caso junto ao registro das gravações. Para a utilização, os policiais recebem treinamento segundo as orientações do procedimento operacional padrão.
– Mais de uma câmera pode ser comparada simultaneamente para análise, pois o sistema que controla as câmeras conta com georreferenciamento e registro de horário. Caso haja três câmeras corporais em uma ocorrência de grande repercussão, por exemplo, podem ser acionadas simultaneamente e mostradas na central de monitoramento.
– A plataforma indica se algum material foi compartilhado sem autorização e permite a busca de vídeos por data, nome do policial, localidade e dezenas de outros parâmetros. Protegida por criptografia, a plataforma realiza um controle completo dos dados; por conta disso, pode servir como material legal em casos que vierem a ser judicializados.
– O modelo de câmera avaliada possui bateria de, no mínimo, 12 horas e com desempenho sob baixa luminosidade. Também permite recursos em tempo real, como transmissão ao vivo. A tecnologia de estabilização de imagem reduz o impacto de movimentos bruscos, garantindo que as gravações permaneçam claras e estáveis mesmo em situações de alta intensidade.
(Marcello Campos)
