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Buraco negro fotografado não oferece riscos ao planeta Terra, diz astrônoma

Catarina Aydar afirmou, em entrevista à CNN, que distância do objeto ao Sistema Solar garante segurança. (Foto: Divulgação/Nasa)

Em entrevista à CNN, a astrônoma Catarina Aydar afirmou que o buraco negro registrado pelo consórcio internacional Event Horizon Telescope (EHT) não representa riscos ao planeta Terra, ainda que ele também se encontre na Via Láctea.

“Ele é o mais próximo de nós, mas mesmo assim ele está bem longe. Não é um risco para a gente que está aqui na Terra. A Terra não é diretamente influenciada por ele, mas, ao mesmo tempo, ele é o que está mais próximo para a gente fazer observação”, afirmou.

Um trabalho gigantesco, que envolveu centenas de cientistas, 5 anos de investigações e telescópios espalhados por oito lugares diferentes do planeta foi capaz de captar as primeiras imagens do Sagittarius A*, um buraco negro localizado no centro da Via Láctea, a galáxia em que se encontra o nosso Sistema Solar.

Os cientistas que fizeram parte do esforço internacional explicaram que o Sagittarius A* está suficientemente longe de nós (26 mil anos-luz, para ser mais exato) para representar ameaça futura.

Por outro lado, não está descartada a hipótese de nossa galáxia se fundir ou “colidir” com outra em alguns bilhões de anos, o que poderia aproximar perigosamente a Terra de um buraco negro. Vale destacar que esse é um cenário bastante improvável — e sobre o qual teríamos muitos avisos e alertas antes que algo ruim dessa magnitude virasse realidade.

No coração

O Sagittarius A*, também conhecido pela sigla SgrA*, é um gigantesco buraco negro que vive no centro da nossa galáxia, a Via Láctea.

O objeto tem impressionantes quatro milhões de vezes a massa do Sol e foi retratado pela primeira vez graças a um esforço colaborativo de centenas de cientistas, reunidos no projeto Event Horizon Telescope (EHT).

Na imagem divulgada pelo grupo, é possível ver uma região escura central onde reside o buraco negro, circundada por um anel de luz proveniente do gás superaquecido acelerado por imensas forças gravitacionais.

Para se ter uma ideia, esse anel é aproximadamente do tamanho da órbita de Mercúrio em torno de nossa estrela, o Sol. Isso representa cerca de 60 milhões de quilômetros de diâmetro.

Felizmente, este “monstro” está muito, muito longe — cerca de 26 mil anos-luz de distância.

Essa é a segunda imagem do tipo a ser divulgada pelo EHT. Em 2019, o grupo compartilhou uma imagem de um buraco negro gigante que está no coração de outra galáxia, chamada de Messier 87, ou M87. Essa estrutura é mais de mil vezes maior que a SgrA*, com 6,5 bilhões de vezes a massa do Sol.

“Mas a nova imagem da SgrA* é especial porque trata-se do nosso buraco negro supermassivo”, avalia o professor Heino Falcke, um dos pioneiros por trás do projeto EHT, à BBC News.

“Esse buraco negro está no ‘nosso quintal’, e se você quiser entender como essas estruturas funcionam, o SgrA* é que vai te dizer, porque conseguimos visualizá-lo em detalhes”, complementa o cientista alemão-holandês, que trabalha na Universidade Radboud, na Holanda.

O que é?

Um buraco negro é uma região do espaço onde a matéria entrou em colapso sobre si mesma. A atração gravitacional ali é tão forte que nada, nem mesmo a luz, pode escapar. Buracos negros costumam surgir a partir da morte explosiva de grandes estrelas. Alguns são realmente enormes e possuem bilhões de vezes a massa do Sol.

A ciência ainda não sabe como essas estruturas monstruosas — encontradas geralmente nos centros das galáxias — se formaram ou o que acontece dentro.

A massa de um buraco negro (parte mais escura da imagem) determina o tamanho de seu disco de acreção (aro laranja ao redor), ou o anel de emissão. O buraco está na depressão de brilho central. Sua “superfície” é chamada de horizonte de eventos, a fronteira dentro da qual até mesmo um raio de luz é dobrado sobre si mesmo pela curvatura no espaço-tempo.

As regiões mais brilhantes no disco de acreção são onde a luz ganha energia à medida que se move em nossa direção, e acredita-se que é impulsionada pelo doppler, um efeito físico de ondas refletidas ou emitidas por um objeto, que estão em movimento em relação a quem está observando.

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