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Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprova projeto que encerra a paralisação mais longa da história

Durante o shutdown, a Câmara ficou praticamente paralisada, sem votações ou audiências. (Foto: Reprodução)

A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou nesta quarta-feira (12) o projeto de lei que põe fim à paralisação governamental (shutdown) mais longa da história do país, iniciada há 43 dias. O texto, que já havia passado pelo Senado na segunda-feira, segue agora para sanção do presidente Donald Trump, que indicou que o aprovará.

Após 54 dias de recesso, os parlamentares retornaram ao plenário e aprovaram a proposta por 222 votos a 209. O pacote de gastos, que financiará o governo até 30 de janeiro, foi aprovado com margem apertada, refletindo divisões internas entre republicanos e democratas. Dois republicanos votaram contra e seis democratas votaram a favor.

A principal divergência entre os partidos é a prorrogação dos subsídios federais de saúde para cerca de 24 milhões de americanos, reivindicação dos democratas não contemplada no texto. O auxílio expira no fim de dezembro, e a base republicana, apoiada por Trump, não tem planos de estendê-lo.

A legislação inclui verbas para agricultura, construção militar, programas de veteranos e agências legislativas, além da reintegração e pagamento retroativo de funcionários públicos afastados durante o shutdown — pontos defendidos pelo senador democrata Tim Kaine, da Virgínia.

Negociações

No Senado, o projeto foi aprovado com 60 votos, o mínimo necessário para avançar. Entre os apoiadores estavam 52 republicanos e 8 democratas centristas, que aceitaram o acordo bipartidário para encerrar a paralisação. O líder da maioria republicana, John Thune, prometeu votar a extensão dos subsídios de saúde em dezembro, o que ajudou a garantir apoio.

A adesão dos democratas moderados gerou críticas dentro do partido, que vinha de vitórias eleitorais recentes em estados como Virgínia e Nova Jersey. Analistas apontam que o prolongado shutdown desgastou a imagem de Trump, visto por boa parte da população como o principal responsável pela crise.

O senador Bernie Sanders classificou a aprovação como “um erro terrível”, afirmando que ceder a Trump poderia representar “um desastre político e de políticas públicas”. Outras lideranças democratas, como Elissa Slotkin e Tammy Baldwin, também se opuseram ao acordo.

Impactos

Durante o shutdown, a Câmara ficou praticamente paralisada, sem votações ou audiências, enquanto centenas de milhares de servidores públicos ficaram sem salário. Milhões de americanos de baixa renda temeram a interrupção de programas sociais, e o sistema aéreo foi duramente afetado.

O governo Trump suspendeu o financiamento do Programa de Assistência Nutricional Suplementar (Snap), que fornece alimentos a 42 milhões de pessoas. Uma decisão judicial chegou a obrigar a Casa Branca a liberar os recursos, mas a Suprema Corte interveio, permitindo que o governo mantivesse o bloqueio até o avanço das negociações no Congresso.

Nos aeroportos, o cenário se agravou com a falta de controladores de tráfego aéreo, que continuaram trabalhando sem receber. O governo ordenou a redução de 10% no número de voos em 40 aeroportos, o que provocou atrasos e cancelamentos em série: na última sexta-feira foram 7.016 atrasos e 1.025 cancelamentos; no domingo, o pico da crise, 11.229 voos atrasados e 2.954 cancelados.

A maioria dos 64 mil agentes da Agência de Segurança de Transportes (TSA) também ficou sem pagamento, o que ampliou o caos no setor aéreo e expôs os efeitos da paralisação mais longa da história americana.

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