A nova tentativa de protestos de caminhoneiros vai começar às 5h nesta segunda. Em setembro, a greve frustrada teve início à meia-noite. Segundo Ronaldo Lima, líder da categoria no Mato Grosso, abrir o evento ao amanhecer dará visibilidade, porque terá mais gente nas estradas fazendo imagens.
Sem adesão dos líderes que encabeçaram a greve da categoria em 2018 que parou o país, um grupo de caminhoneiros promete suspender as atividades em todo o Brasil a partir das 5h desta segunda-feira. A greve havia sido anunciada anteriormente por um dos representantes da classe, Marconi França.
No último dia 8, Marconi divulgou vídeo nas redes sociais em que anunciava a paralisação e indicava o apoio da Central Única dos Trabalhadores do Rio de Janeiro (CUT-RJ) e de representantes nos estados. A aproximação com entidades de esquerda, no entanto, esvaziou ainda mais o movimento. Segundo França, a principal pauta é o aumento do preço do combustível.
A greve, entretanto, ao que tudo indica, está mais no desejo de Marconi França e aliados do que nas boleias país afora. A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) informou, por meio de nota, que consultou entidades de representação legal dos caminhoneiros e disse não apoiar a paralisação.
“Esclarecemos que todos os movimentos que reflitam os interesses coletivos legítimos da categoria sempre receberão o apoio da CNTA, com respeito à ordem pública, às instituições, às leis e à sociedade como um todo”, informou.
Nome forte da categoria no Paraná, Wallace Landim, o Chorão, negou que haja uma grande movimentação de caminhoneiros. Para ele, “há um movimento político atrás disso”.
A greve, contudo, tem respaldo de algumas entidades. O movimento recebeu apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL).
“Entendemos que a pauta dos companheiros caminhoneiros é legítima e daremos todo o apoio a essa paralisação nacional”, afirmou o presidente da CNTTL, Paulo João Estausia.
Setembro
Em setembro, os caminhoneiros circularam vídeos pedindo o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em dia de protesto contra a indefinição em relação aos pisos mínimos oferecidos para a categoria.
Em um dos cinco vídeos aos quais a coluna teve acesso, com data de 31 de agosto, caminhoneiros de Pernambuco afirmam ter recebido uma facada do presidente, em referência à suspensão do julgamento sobre a consitucionalidade da tabela do frete, que aconteceria nesta terça-feira, definida pelo Supremo Tribunal Federal.
“Bolsonaro,, nós votamos em você. Hoje, você é um traidor dessa classe que carrega o Brasil nas costas”, diz um participante do vídeo. Ao final, um grupo pede em coro impeachment do presidente. Também apontam a intenção de pedir ajuda a Central ùnica dos Trabalhadores e pedem a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nas gravações também era recorrente a fala de que os caminhoneiros colocaram Bolsonaro na presidência e poderiam tirá-lo.Os protestos, porém, não tiveram grande impacto nos transportes . Em consultas as unidades estaduais da Polícia Rodoviária Federal, foram confirmados atos nos estados do Rio de Janeiro, Paraná e Ceará.
Segundo mensagens e vídeos divulgados pelos caminhoneiros, ocorreram também manifestações na Paraíba, em Pernambuco e no Rio Grande do Sul. Nos grupos de WhatsApp da categoria, havia tanto os que reclamavam de a paralisação não ter atingido o nível esperado como também os que contestavam e colocavam a culpa em quem apenas se queixava, mas não fazia sua parte.
