O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nessa segunda-feira (9) que apoiaria a prisão do governador da Califórnia, Gavin Newsom, em uma escalada dramática de um crescente conflito com o governador democrata sobre os protestos sobre a política de imigração que agitaram Los Angeles no fim de semana.
Os comentários do presidente republicano ocorreram depois de Newsom prometer processar o governo federal sobre o envio de tropas da Guarda Nacional para o sul da Califórnia, considerando-o um ato ilegal.
Enquanto Los Angeles enfrentava um quarto dia de protestos por causa das batidas de imigração na cidade, democratas e republicanos entraram em conflito sobre o que se tornou mais emblemático nos agressivos esforços do governo Trump para deportar imigrantes que vivem no país ilegalmente.
“Isso é exatamente o que Donald Trump queria. Ele alimentou o fogo e agiu ilegalmente para federalizar a Guarda Nacional”, disse Newsom, visto como um possível candidato democrata à presidência em 2028, no X.
O procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, disse em um comunicado que seu gabinete entrou com uma ação na Justiça. A Reuters não pôde confirmar imediatamente que uma ação judicial havia sido movida.
A lei federal permite que o presidente mobilize a Guarda se a nação for invadida, se houver “rebelião ou perigo de rebelião”, ou se o presidente for “incapaz de executar as leis dos Estados Unidos com as forças regulares”.
Ao retornar à Casa Branca após uma noite em Camp David, Trump foi questionado por um jornalista se o manda-chuva da política de fronteira, Tom Homan, deveria prender Newsom. Homan ameaçou prender qualquer pessoa que obstrua os esforços de fiscalização da imigração, inclusive o governador.
“Eu faria isso se fosse Tom. Acho que é ótimo”, respondeu Trump. “Gavin gosta da publicidade, mas acho que seria uma coisa ótima.”
Em uma publicação no X, Newsom chamou a ameaça de prisão de “passo inequívoco em direção ao autoritarismo”.
As ruas de Los Angeles, liderada pelos democratas, estavam calmas no início desta segunda-feira, após a eclosão dos protestos na noite de sexta-feira. Agentes do Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês) prenderam pelo menos 44 pessoas por supostas violações de imigração.
As manifestações, às vezes violentas, continuaram no fim de semana, levando Trump a ordenar o envio da Guarda Nacional sem consultar o governador, medida altamente incomum.
Cerca de 700 fuzileiros navais também foram mobilizados para se juntar às forças da Guarda Nacional da Califórnia para enfrentar os protestos.
Trump também afirmou nessa segunda-feira que pode enviar mais tropas da Guarda Nacional para a Califórnia se for necessário.
A Casa Branca e os republicanos do Congresso alegaram que os protestos eram mais um motivo para a aprovação do “grande e belo projeto de lei” de Trump, que aumentaria a segurança nas fronteiras e os gastos militares.
O projeto de lei, agora no Senado dos EUA após ser aprovado pela Câmara dos Deputados, também reduziria os impostos, cortaria os benefícios do Medicaid e eliminaria as iniciativas de energia verde.
Os conservadores fiscais do Senado, juntamente com o ex-conselheiro de Trump, Elon Musk, têm se recusado a aceitar o custo do projeto de lei, dizendo que ele aumentará o déficit orçamentário do país.
Trump prometeu deportar um número recorde de pessoas que estão no país ilegalmente e bloquear a fronteira entre os EUA e o México, estabelecendo para a agência de fiscalização de fronteiras ICE uma meta diária de prender pelo menos 3.000 migrantes.
Para os democratas, sem liderança desde que Trump venceu a eleição presidencial em novembro passado, os protestos de Los Angeles serviram como um ponto de encontro, permitindo que eles encontrassem alguma base política enquanto enfrentam as políticas do governo.
O episódio proporcionou a Newsom, em seu segundo mandato como governador, uma plataforma nacional que o permitiu se apresentar como o principal antagonista de Trump.
Mas também ressaltou os riscos de parecer solidário demais com os manifestantes, alguns dos quais incendiaram carros e jogaram garrafas na polícia. Durante seu primeiro mandato, Trump castigou os democratas pela agitação civil durante os protestos contra o assassinato de George Floyd, um homem negro, por um policial branco em 2020.
Em uma demonstração desse delicado ato de equilíbrio, a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, culpou o governo Trump por incitar tensões ao enviar a Guarda, ao mesmo tempo em que condenou os manifestantes.
“Não quero que as pessoas caiam no caos que acredito estar sendo criado pelo governo de forma totalmente desnecessária”, disse Bass em uma coletiva de imprensa no domingo.
Trump acusou Newsom e Bass de minimizarem a violência.
“Tomamos uma ótima decisão ao enviar a Guarda Nacional para lidar com os tumultos violentos e instigados na Califórnia”, publicou ele nas mídias sociais nesta segunda-feira. “Se não tivéssemos feito isso, Los Angeles teria sido completamente destruída.” As informações são da agência de notícias Reuters.