Depois de participar das últimas dez Copas do Mundo, Carlos Alberto Parreira não sabe se irá ao Catar para o Mundial do ano que vem. E diz não se importar com isso. “É muito bacana estar ali, vendo os jogos ao vivo, mas se eu ficasse em casa desta vez não iria ficar zangado”, afirmou o técnico do Tetra, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. “Depois de 45 anos chega um momento em que a gente continua gostando de futebol, adorando futebol, mas o dia a dia do futebol é que mata.”
Parreira criticou a intenção da Fifa (a entidade máxima do futebol) de realizar o Mundial a cada dois anos. “Vai tirar toda a graça dessa competição”, avaliou. “É a expectativa de quatro anos que deixa todo mundo ansioso por ela.”
Aos 78 anos, o ex-treinador diz que agora procura apenas desfrutar do esporte que o consagrou. Ele assiste com frequência aos jogos do Brasileirão, da Premier League e do PSG. Vacinado com três doses contra a covid-19, ele também procura aproveitar ao máximo o tempo livre. “Fico com a família, quando posso vou para a minha casa em Angra ficar dois dias, passear de barco. Minha vida é de aposentado mesmo”, comentou. Leia abaixo alguns trechos da entrevista.
– A Fifa tem um projeto para realizar a Copa do Mundo a cada dois anos. Como o senhor avalia? “Sou muito tradicionalista: quatro anos é o ideal. Você tem a preparação de uma Copa, que você ganhou ou perdeu, e você tem as Eliminatórias, que aqui para o Brasil dura um ano e meio. De dois em dois anos vai tirar toda a graça dessa competição. O bacana é você desfrutar quando você ganha, e se preparar quando você perde. Ano que vem já tem outra Copa, eu já fui a dez. Parece que foi ontem! É um formato consagrado, e se mudar para dois em dois anos vai perder toda a essência, vai ficar muito banalizado. Eu sou contra. Pode agradar no aspecto político e econômico, mas eu nem sei se agrada todo mundo. A Conmebol e a Europa são contra. O único aspecto interessante é o financeiro, e acho que nesse caso não tem que ser levado em conta o aspecto financeiro. Vou repetir: de dois em dois anos vai banalizar a Copa do Mundo, vai ficar uma coisa muito comum. É essa expectativa de quatro anos que deixa todo mundo ansioso.”
– Um dos argumentos da Fifa para isso envolve as Eliminatórias: os europeus reclamam que os jogadores precisam viajar muito para os jogos do Brasil. O senhor considera que o formato das Eliminatórias Sul-Americanas é um problema? “É ultrapassado. Não tem como você fazer 18 partidas em um ano e meio. Quando nós classificamos para a Copa de 1994, eram cinco seleções num grupo. Então você fazia oito jogos, e em dois meses resolvia tudo. Brasil e Argentina eu sei que estão querendo mudar o formato, mas não interessa à Bolívia, à Venezuela e a outras equipes. Acho que o formato está errado, não ajuda em nada, você perde tempo e no final você já sabe quem irá se classificar. Deveria voltar àquele formato de grupos de cinco.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.