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Carreira no MEC depois de tentar ser monge: conheça o diretor investigado por corrupção em contratos de aquisição de kits de robótica para escolas de Alagoas

Alexsander Moreira, coordenador-geral de Apoio às Redes de Educação Básica do MEC, foi exonerado após suspeitas. (Foto: Eugênio Barreto)

Ex-diretor de Apoio à Gestão Educacional do Ministério da Educação (MEC), Alexsander Moreira foi exonerado no início dessa semana do cargo, após ser alvo da Polícia Federal em operação que apura fraudes e lavagem de dinheiro na venda de kits de robótica. Sua relação com a área educacional, no entanto, não se iniciou no serviço público, e sim na seara religiosa. Alexsander foi postulante ao posto de monge no Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro, onde morou em 2004.

Graduado em Filosofia pela Universidade do Sagrado Coração (USC), Alexsander chegou a dar aulas da matéria aos estudantes do Ensino Médio da congregação. De acordo com o registro da instituição, o ex-diretor do MEC permaneceu no templo por nove meses e chegou a vestir batina, mas optou por não completar sua formação. Antes, segundo relatos de religiosos do local, ele também teria tentado se tornar monge no Paraná, no Mosteiro de Ponta Grossa.

Alexsander foi nomeado no Ministério da Educação em 2016, no governo do presidente Michel Temer, e permaneceu na pasta durante a gestão de Jair Bolsonaro. Ele foi promovido em janeiro deste ano, já no mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tornando-se diretor de Apoio à Gestão Educacional da do MEC. No cargo, o educador tinha uma salário bruto de aproximadamente R$ 13 mil.

Durante o período em que esteve no MEC, Alexsander fez mais de 70 viagens de trabalho pelo País. Entre suas funções, ele era responsável por avaliar o cumprimento de metas do Plano Nacional de Educação pelos municípios.

Investigações

Alexsander foi um dos alvos da operação da PF na última semana, quando policiais federais e servidores da Controladoria Regional da União em Alagoas (CGU/AL) cumpriram 27 mandados de busca e apreensão, sendo 16 em Alagoas, oito no Distrito Federal, um em Pernambuco, um em São Paulo e um em Goiás.

Além destas medidas, foi determinada apreensão de bens móveis e imóveis dos investigados, no valor de R$ 8,1 milhões — prejuízo que teria sido gerado ao erário pela compra superfaturada dos kits de robótica—, e a suspensão de processos licitatórios e contratos administrativos celebrados entre a empresa fornecedora investigada e os municípios alagoanos que receberam recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado ao MEC, para aquisições dos equipamentos.

Alexsander é investigado por suposto desvio de dinheiro do FNDE ao direcionar as contratações dos kits a uma empresa de cujo dono, aliado deArthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, ele recebeu depósitos em dinheiro.

Segundo a PF, os crimes teriam ocorrido entre 2019 e 2022, durante a realização de processos licitatórios, adesões a Atas de Registro de Preços e celebrações contratuais relacionadas ao fornecimento de equipamentos de robótica para 43 municípios alagoanos, cujos recursos aplicados ou previstos seriam de natureza federal, oriundos do FNDE. O inquérito apontou que as contratações do MEC teriam sido direcionadas a uma única empresa fornecedora dos equipamentos de robótica, através da inserção de especificações técnicas restritivas nos editais dos certames e de cerceamento à participação plena de outros licitantes.

A investigação identificou ainda movimentações financeiras para pessoas físicas e jurídicas sem capacidade econômica e ou pertinência com a área. Para a PF, isso pode indicar a ocultação e dissimulação de bens, direitos e valores provenientes das atividades ilícitas. As movimentações foram realizadas pelos sócios da empresa fornecedora e por outros investigados.

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