Das passarelas para as vitrines, a moda é um dos fatores que impulsionam a economia mundial. E o varejo tem um peso muito importante nesta cadeia produtiva: traz para o mundo real as novidades apresentadas nos mais badalados eventos fashion e possibilita o acesso das pessoas a tendências globalizadas. Este foi o mote do Zoom do Varejo – Moda Como Negócio, promovido pela CDL Porto Alegre na manhã desta quinta-feira (23), no Teatro CIEE, na Capital.
“É possível ganhar dinheiro com a moda. Por isso, a ideia deste evento é promover o compartilhamento das boas práticas deste setor para que possamos impulsionar nossos negócios, tendo em vista que tempo é luxo hoje em dia”, disse o presidente da CDL Porto Alegre, Alcides Debus, em uma breve introdução às palestras que se seguiriam.
Na abertura, Andrea Bisker, sócia da Sparkoff, traçou um panorama das tendências no mercado de roupas e acessórios após a revolução digital. Diante da sua experiência frente a uma empresa que transita nas áreas de conteúdo, a publicitária acredita que as novas tecnologias mudaram a forma como se trabalha no segmento, cada vez mais ágil e voltado para a colaboração. “As pessoas estão querendo comprar só o que precisam, seguindo o princípio de que o que é bom tem que ser bom para todos. Estabelece-se, assim, toda uma cadeia que envolve a chamada economia afetiva, que afeta diretamente o mercado prêt-à-porter. No que tange à tecnologia, há uma necessidade maior de rapidez no consumo, levando as marcas a disponibilizarem as coleções tão logo são apresentadas nos desfiles”, destaca.
Com a palavra, Taisa Bornhofen, diretora-comercial do portal de vendas Posthaus.com, abordou o crescimento do e-commerce no ramo de vestuário no país. Com base nos animadores números de desempenho do comércio online do site, que registrou um crescimento de 8% no ano passado, a executiva credita o sucesso à popularização do mobile (responsável por 20% das vendas). “E a tendência é que cresça ainda mais, pois o varejo de moda on-line no Brasil corresponde a 3% do total, enquanto nos EUA este número é de 10%. Para chegarmos lá, precisamos vencer problemas gerais como logística ineficiente, consumidor exigente, tributação complexa e concorrência”, destaca.
Ana Luiza Ferrão, diretora da Lojas Gang e diretora do Projeto Talento Universitário da CDL POA, deu sequência ao evento. Ao apresentar o case da aquisição da marca pela Lojas Pompeia, em 2013, a palestrante discorreu sobre os desafios de manter os atributos do negócio da rede, evoluir, crescer e melhorar os processos, tendo a gestão de pessoas como foco. “Para conseguirmos nos aproximar ainda mais do nosso jovem cliente, lançamos a campanha “Like a Boss”, que consistiu em convidarmos quatro clientes-embaixadores para um projeto de cocriação de nossa coleção de inverno 2014. A partir daí, pudemos entender melhor as necessidades do nosso público, o que nos deu a liberdade de atualizarmos nosso slogan para a primeira pessoa”, explica a gestora.
Ao final, Elio Silva, vice-presidente de Operações e Marketing da C&A no país, trouxe a expertise da consolidada marca de origem holandesa com 175 anos de existência (há 40 no Brasil). Desenvolvendo um paralelo das condições pré-crise (2010) aos dias atuais, o profissional concluiu que, a maturidade do perfil de consumidores, que buscam qualidade e boa procedência de produtos, levou à necessidade de uma reavaliação do segmento das lojas de departamento. “Percebemos que todo mundo está o tempo todo conectado, então precisamos mudar a nossa forma de nos relacionarmos com o cliente. Não estamos mais focados em preço e produto, mas sim no relacionamento com o consumidor, com campanhas mais focadas em comportamento e redirecionamento. A campanha dos Misturados prova isso, tivemos mais de 16,3 milhões de visualizações e 13 milhões de interações”.
Para encerrar, realizou-se uma rodada final com os palestrantes, que deram soluções práticas, de baixo investimento e executáveis em curto prazo para o varejo:
1 – Abraçar uma causa e pensar em plataforma de financiamento coletivo para que a sua loja pudesse auxiliá-la.
2 – Criar de datas especiais, não necessariamente de cunho promocional. Por exemplo, ter dias exclusivos com foco em determinados produtos: dia do vestido, dia dos combos…
3 – Focar no planejando estratégico e voltar nele quantas vezes for necessário até que as metas sejam cumpridas.
4 – Saber errar rápido, arriscar, ousar, aprender e corrigir com agilidade.
5 – Descobrir o assunto de interesse das pessoas do círculo do seu negócio e trazer um conteúdo bacana para dentro da loja. Criar locais para ajuntamento de pessoas, atrair a comunidade.
6 – Produzir vídeos com conteúdos diversos, pois esses canais trazem relevância e propiciam divulgação. Podem ser produções simples, no conceito e o estilo da marca.
7 – Investir em comunicação criativa para interagir com o cliente dentro e fora da loja.
8 – Deixar claro seu propósito. Todo mundo tem crenças e valores que precisam ser colocados pra fora, as pessoas buscam causas claras.
9 – Investir nos jovens talentos, promover um prêmio que valorize o saber local, com voto popular e foco na arte.
10 – Promover rodízios entre colaboradores das áreas de apoio. Esta rotação promove inovações e gera um comprometimento maior dentro da empresa.
11 – Treinar os talentos como ferramenta de engajamento e valorizar o público interno.
12 – Ser rentável. Nos detalhes se acha a rentabilidade: desde a eliminação de desperdícios até a busca de uma cadeia de suprimentos mais eficiente.