Após a divulgação do vídeo da audiência do caso de estupro contra a promoter catarinense Mariana Ferrer, as redes sociais foram tomadas por mensagens indignadas contra a absolvição do empresário André de Camargo Aranha. A hasthtag “Justiça por Mariana Ferrer” e “estupro culposo não existe” esteve, durante todo o dia, como um dos assuntos mais comentados do Twitter.
Várias celebridades se posicionaram contra a tese do Ministério Público (de que o estupro culposo acontece quando não há intenção de cometer esse tipo de crime, algo inexistente no Código Penal) e a sentença proferida pelo juiz Rudson Marcos, da 3ª Vara Criminal de Florianópolis. Entre as postagens de mais repercussão estiveram as das cantoras Iza, Anitta e Luísa Sonza e das atrizes Taís Araújo e Patrícia Pillar. Confira abaixo.
“Estupro culposo” não existe, escreveu a cantora e compositora Iza.
“Estupro culposo??? QUE PORRA É ESSA, BRASIL??????”, questionou a cantora Anitta. “Mariana Ferrer eu admiro sua coragem de uma forma que você nem imagina”, completou.
“Bem desenhado pra que todos possam entender que NÃO EXISTE estupro culposo! Ninguém comete estupro sem intenção. Esse precedente é mais uma violência contra o direito das mulheres”, escreveu a atriz Taís Araujo.
“‘Eu gostaria de respeito, doutor, excelentíssimo, eu estou implorando por respeito no mínimo. Nem os acusados, nem os assassinos são tratados da forma como eu estou sendo tratada, pelo amor de Deus, gente.‘ A gente só gostaria de RESPEITO”, afirmou a cantora e compositora Luísa Sonza.
“Como eu fico a cada coisa que eu leio Justiça por mari ferrer!! O que aconteceu hoje foi INACEITÁVEL! A postura (ou inexistência dela) de cada um, daquele homem que se titula advogado, é inadmissível!!!!!!!!! Tá me doendo!”, disse a digital influencer e empresária Rafa Kalimann, vice-campeã do BBB20.
“O ano é 2020. No Brasil precisamos gritar em redes sociais que ESTUPRO CULPOSO NÃO EXISTE”, declarou a cantora e compositora Teresa Cristina.
A atriz Patricia Pillar postou uma foto com os dizeres: “Mulheres não podem ser culpadas por estupro”.
“Estupro culposo não existe. Um completo absurdo termos que discutir essa questão. É muito difícil ser mulher num país onde se inventa sentença para acobertar estuprador. A justiça é branca, elitista e misógina”, escreveu a atriz Camila Pitanga.
“Estupro culposo. a gravidade dessa (não)sentença! pra mim, pra tua irmã, pra tua filha, pra tua amiga de infância. eu não teria como olhar pra minha filha — sendo um dos envolvidos ou só a mãe dela mesmo. pq não tem uma explicação suave. a explicação é: homem, branco, rico. e sim: acredito fortemente que esse resultado, somado às inagens grotescas que vimos, aumentam a resistência da mulher em denunciar. medo. insegurança. incerteza. e isso os fortalece ainda mais”, postou a cantora Maria Rita.
Entenda o caso
O juiz Rudson Marcos, da 3ª Vara Criminal de Florianópolis (SC), inocentou o empresário André de Camargo Aranha, acusado de estuprar a jovem Mariana Ferrer durante uma festa em 2018. Marcos acatou a argumentação do Ministério Público de que houve “estupro culposo”, quando não há intenção de cometer o ato. O crime não está previsto em lei e abre jurisprudência inédita.
Durante o processo, o promotor do caso foi transferido para uma outra promotoria e o entendimento do novo promotor foi de que o empresário não teria como saber que Mariana não estava em condições de dar consentimento à relação sexual, não existindo, assim, o dolo, a intenção de estuprar. Essa conclusão do promotor está sendo chamada de “estupro culposo”. Aranha foi absolvido.
A gravação da audiência mostra o advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho expondo fotos sensuais da promoter e fazendo comentários pejorativos sobre sua conduta. Ele chamou as imagens da catarinense de “ginecológicas” e afirmou que “jamais teria uma filha do nível” de Mariana. Na audiência, o juiz e o promotor não interrompem a fala ou questionam o advogado, mesmo com as reclamações de Mariana. As informações são do jornal O Globo.