Em um movimento que só pode ser descrito como totalmente canadense, centenas de médicos da província de Quebec estão protestando contra o aumento de seus salários com o argumento de que já recebem muito dinheiro. As informações são do jornal The Washington Post.
Até a tarde desta quinta-feira (8), mais de 700 médicos, residentes e estudantes de medicina tinham assinado uma petição online pedindo o cancelamento do aumento. O grupo Médicos de Quebec pela Saúde Pública (MQRP, na sigla em francês) é composto por defensores do sistema público de saúde e criou a petição em 25 de fevereiro.
“Nós, médicos de Quebec que acreditam em um sistema público forte, nos opomos ao recente aumento de salário negociado por nossas federações médicas”, diz o texto, em francês.
O grupo diz ainda que não poderia, em sã consciência, aceitar a elevação nos pagamentos enquanto as condições de trabalho continuarem difíceis para outros profissionais da área – incluindo enfermeiras e funcionários administrativos – e também enquanto pacientes “convivem com a falta de acesso aos serviços básicos em razão dos cortes drásticos dos últimos anos”.
Nos últimos meses, um sindicato de enfermeiras de Quebec tem pressionado o governo a resolver a falta de profissionais nos hospitais, além de fazer lobby pela aprovação de uma lei para reduzir a quantidade de pacientes que cada profissional pode se responsabilizar.
O sindicato diz que seus membros estão cada vez mais sobrecarregados, o que resultou em uma série de protestos nos últimos meses para pressionar por melhores condições de trabalho.
Apesar das críticas, a federação de médicos especialistas de Quebec chegou a um acordo com o governo em fevereiro para aumentar os salários dos 10 mil médicos especialistas da província em 1,4%, elevando os custos dos atuais US$ 4,7 bilhões para US$ 5,4 bilhões em 2023, segundo a Canadian Broadcasting Corp (CBC).
Hoje, o salário médio de um médico especialista em Quebec já é alto – em média, US$ 403.537 ao ano – quando comparado com a província vizinha de Ontário – média de 367.154 ao ano –, segundo dados da CBC. “A única coisa que parece estar imune aos cortes [do sistema de saúde] é o nosso salário”, diz a petição do MQRP.
