Um dia você levanta e vai ao banheiro. Volta para a cama, mas logo vem a vontade de novo. Com esforço, consegue urinar. É assim que começam os sintomas do aumento benigno da próstata, um problema que atinge cerca de 30% dos homens acima dos 60 anos.
Para tratar a patologia foi aprovada uma técnica pouco invasiva chamada de embolização das artérias da próstata, que já tinha recebido parecer favorável do CFM (Conselho Federal de Medicina) em 2014, mas foi aprovada de vez somente neste ano e poderá começar a ser utilizada em todo o Brasil. O conselho publicou as normas para a prática e criou um site para o cadastramento das instituições e dos médicos interessados no procedimento. Por enquanto, a técnica só será realizada em instituições autorizadas pela entidade.
No Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo), 250 pacientes já realizam o procedimento desde o início dos testes. Cerca de 90% melhoraram seus sintomas da doença. Nenhum dos pacientes tratados apresentou dificuldades de função sexual ou incontinência urinária. Porém, o tratamento não é indicado para homens com câncer de próstata, disfunção da bexiga, para aqueles que realizaram radioterapia na pélvis e para os que têm alergia ao contraste iodado que é usado. Nestes casos, a chance de os sintomas voltarem é maior.
Quando a próstata de um homem aumenta, ela normalmente pressiona a uretra, canal pelo qual a urina é expelida. É assim que começam as dificuldades. Em alguns pacientes, a bexiga também é pressionada, agravando o quadro de necessidade constante de ir ao banheiro, um dos sintomas da doença. Incontinência, jatos fracos e dificuldade para urinar também podem indicar a existência da condição.
A próstata normalmente tem o tamanho de uma avelã. Idade, hereditariedade, ação de hormônios, falta de atividade física e colesterol alto são fatores que contribuem para o aumento benigno da glândula. Contudo, somente o aumento dela não significa a existência de algum problema. Os sintomas devem ser a principal preocupação, segundo o radiologista intervencionista Francisco Carnevale. Foi ele quem desenvolveu a nova técnica para redução de tamanho da próstata. Mais rápido e menos invasivo, o método é feito com anestesia local e permite que o paciente vá para casa no mesmo dia, em torno de duas horas após o procedimento.
Até a chegada do novo tratamento, existiam somente duas formas de cuidar do quadro. Nos casos menos graves, remédios costumam ser indicados, mas seus efeitos colaterais incluem hipotensão (pressão baixa), fadiga, disfunção erétil e diminuição da libido. Para os casos mais graves, a saída era uma cirurgia que abre uma espécie de “túnel” na próstata para a passagem da urina – estima-se que 10% dos pacientes precisem da intervenção cirúrgica.
Novo tratamento.
O procedimento é uma espécie de cateterismo, inserção de um fio de pequena espessura em uma artéria. Este filete avança até chegar à próstata e encontrar os nódulos que impedem a urina de fluir livremente. Quando os encontra, o médico que conduz o procedimento libera microrresinas acrílicas – pequenos objetos semelhantes a grãos de areia – nos vasos sanguíneos que irrigam a região. Esta resina impede que o sangue flua para os nódulos e, desta forma, acaba matando o tecido do local. O resultado é a redução de até 40% do tamanho da próstata. A técnica já começou a ser utilizada na Europa e está em processo de aprovação nos Estados Unidos. (Folhapress)