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Cervejas artesanais brasileiras obtiveram reconhecimento internacional

Evento será um dia inteiro de experimentação com chopes da cervejaria BodeBrown. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

O sucesso internacional de um estilo de cerveja cuja fórmula foi desenvolvida no Brasil é responsável pelo bom momento vivido pelas cervejarias artesanais no País. Desenvolvida por produtores de Santa Catarina a partir de um dos mais tradicionais estilos da Alemanha, a Berliner Weisse, a chamada Catharina Sour é a primeira receita tipicamente brasileira reconhecida e incluída no catálogo da BJPC (Beer Judge Certification Program).

Considerada uma das principais organizações mundiais de certificação de juízes cervejeiros, a BJPC publica um guia de estilos da bebida que serve de parâmetro para os produtores caseiros, artesanais e industriais. Com o reconhecimento da Catharina Sour, fabricantes de todo o mundo poderão inscrever seus produtos em concursos que julgam a qualidade da bebida. Em 2016, uma das primeiras cervejarias brasileiras a apostar na fórmula, a Blumenau, faturou uma medalha de prata no Prêmio Internacional de Cerveja da Austrália, uma das mais importantes competições da atualidade.

Levemente ácida e com acentuado sabor de frutas que pode lembrar um espumante, a Catharina Sour começou a ser testada comercialmente entre os anos de 2014 e 2016, quando as microcervejarias e importadoras já se destacavam por conquistar crescente espaço no mercado cervejeiro nacional. Esse mercado, segundo a CervBrasil (Associação Brasileira da Indústria da Cerveja), só fica atrás da China e dos Estados Unidos quando considerada a produção das grandes fabricantes brasileiras. De acordo com a entidade, a produção nacional total já ultrapassa os 14,1 bilhões de litros anuais.

O segmento das chamadas cervejas especiais (artesanais, importadas e “premium”) cresceu em consequência dos bons resultados da economia brasileira em anos recentes, principalmente entre consumidores das classes A e B, que, conforme lembra Lapolli, experimentaram uma mudança no padrão de consumo que favoreceu diversos segmentos. O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) estima que, entre 2012 e 2014, as cervejas especiais ampliaram sua fatia de mercado de 8% para 11%.

Cervejarias

O número de cervejarias artesanais em atividade é incerto. Responsável por autorizar o funcionamento desses empreendimentos, o Ministério da Agricultura não faz distinção entre o porte das empresas. No fim de 2017, havia 679 cervejarias registradas no ministério – número 37,7% superior aos 493 registros de 2016.

No Brasil, o número de cervejarias cresceu bastante e continua crescendo, e o desafio do segmento é tentar democratizar o consumo do produto artesanal, o que demanda mais investimentos e um olhar diferenciado por parte do Poder Público.

Os preços ainda não são acessíveis a todos os consumidores, principalmente devido à falta de escala da produção artesanal e ao desconhecimento por parte do público potencial, mas, principalmente, devido às regras tributárias que não diferenciam um grande fabricante e um produtor artesanal industrial, cobrando de ambos os mesmos cerca de 50% em tributos.

 

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