Quase três anos depois que o governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, ameaçou banir o TikTok se seu proprietário chinês não vendesse a empresa para investidores americanos, o aplicativo de vídeo está mais uma vez enfrentando uma ameaça existencial.
Na última quinta-feira (23), o CEO do TikTok, Shou Chew, compareceu perante os legisladores dos EUA, muitos dos quais querem que o aplicativo seja banido nos Estados Unidos por causa do risco que eles dizem que representa para a segurança nacional.
O clamor por uma venda parece ter crescido ainda mais depois das ferrenhas críticas que Chew recebeu em Washington.
Mas um desinvestimento total não está nas cartas, de acordo com analistas e especialistas jurídicos, até porque o governo chinês considera a tecnologia do TikTok sensível e tomou medidas desde 2020 para garantir que possa vetar qualquer venda de seu proprietário com sede em Pequim, ByteDance.
A questão é quem possui as chaves dos algoritmos do TikTok e os vastos tesouros de dados coletados de 150 milhões de pessoas nos Estados Unidos que usam o aplicativo todos os meses.
A China respondeu à demanda do governo Biden pela primeira vez na quinta-feira, dizendo que se oporia “firmemente” à venda forçada do TikTok.
Uma venda ou desinvestimento do TikTok envolveria a exportação de tecnologia, portanto, seria necessário obter uma licença e aprovação do governo chinês, de acordo com uma porta-voz do Ministério do Comércio.
O governo chinês considera algumas tecnologias avançadas, incluindo algoritmos de recomendação de conteúdo, essenciais para seu interesse nacional. Em dezembro, autoridades chinesas propuseram endurecer as regras que regem a venda dessa tecnologia a compradores estrangeiros.
“Pequim não terá voz na decisão dos EUA de exigir a venda do TikTok, mas manterá a autoridade de aprovação final sobre tal venda”, disse Brock Silvers, diretor de investimentos da Kaiyuan Capital.
“Também parece extremamente improvável que Pequim aceite qualquer acordo que remova os algoritmos do TikTok de seu controle direto e autoridade regulatória”, disse ele.
Acredita-se que os algoritmos do TikTok, que mantêm os usuários grudados no aplicativo, sejam a chave para seu sucesso. Os algoritmos fornecem recomendações com base no comportamento dos usuários, enviando vídeos que eles realmente gostam e desejam assistir.
Os reguladores chineses adicionaram algoritmos à lista restrita de tecnologias em agosto de 2020, quando o governo Trump ameaçou banir o TikTok, a menos que fosse vendido.
Naquela época, a mídia estatal chinesa publicou um comentário de um professor de comércio da Universidade de Negócios Internacionais e Economia, que disse que as regras atualizadas significavam que a ByteDance precisaria de uma licença de Pequim para vender sua tecnologia.
“Algumas tecnologias de ponta podem impactar a segurança nacional e o bem-estar público e precisam ser incluídas na gestão [de controle de exportação]”, disse Cui Fan à Xinhua.
A venda pretendida do TikTok em 2020 para a Oracle e o Walmart atingiu um obstáculo depois que Pequim adicionou algoritmos à sua lista de controle de exportação. O governo Biden acabou rescindindo a ordem executiva da era Trump visando o TikTok, mas a substituiu por uma diretiva mais ampla focada na investigação de tecnologia ligada a adversários estrangeiros, incluindo a China. As informações são da CNN.
