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China recebe carga de leite brasileiro pela primeira vez na história

A China recebeu no início deste mês a primeira carga de produtos lácteos brasileiros da história. Dois anos depois da consolidação da abertura do mercado, com a habilitação das plantas do Brasil para exportação, a Central Cooperativa Gaúcha Ltda (CCGL) encaminhou um pequeno volume de leite em pó por via área, de Guarulhos (SP) para Xangai, no dia 5.

Emblemático, o negócio pode começar a abrir as portas de um dos maiores mercados consumidores de lácteos do planeta, cujas importações estão em franca expansão. “Acreditamos muito nesse mercado para o futuro”, afirmou ao Valor Caio Vianna, presidente da CCGL, que faturou R$ 1,4 bilhão em 2020.

Primeiro grupo brasileiro a buscar habilitação para exportar à China, a CCGL usará essa venda para tentar expandir os negócios no país asiático, onde já tem marca registrada. A importação foi realizada por uma empresa parceira da cooperativa, que agora vai fazer o trabalho de correspondente comercial para divulgar e vender os produtos gaúchos. Mais dois contêineres de leite em pó já estão negociados e devem ser enviados em breve.

A carga exportada incluiu leite em pó integral, leite em pó desnatado e leite em pó zero lactose – item que exige aplicação de muita tecnologia e pode ser interessante para o público chinês, diz o presidente da central. “O objetivo da primeira exportação é ter o produto na China para podermos trabalhar comercialmente. Abrimos um canal com o maior mercado consumidor do mundo”, afirmou Vianna, que não revelou o valor da negociação.

Os laticínios brasileiros começaram a ser habilitados em 2019 para exportar para a China, mas a certificação estava acordada com o país asiático desde 2007. Atualmente, 33 empresas têm o aval para comercializar com os chineses.

Para viabilizar a venda, a CCGL precisou se adequar às burocracias e exigências sanitárias de Pequim, que exigiram paciência e investimentos em manejo, registro, acompanhamento e rastreabilidade. A cooperativa tem 3,5 mil produtores fornecedores e capacidade instalada de processamento de 3,2 milhões de litros diários na planta de Cruz Alta (RS).

Os produtos enviados para a China são oriundos desses produtores. Também foram superadas exigências sanitárias para comprovar a ausência de contaminantes nos produtos nacionais comuns em lácteos de outros países.

“Temos que ter condições de rastrear o produto desde a propriedade, com o nome do produtor, e todo o processamento dentro da indústria. Tivemos que identificar explicitamente e individualmente os produtos nos documentos de exportação. É trabalhoso e complicado”, contou Vianna.

O objetivo é tornar a produção conhecida e confiável para eliminar alguns requisitos nos próximos embarques. “Em grandes volumes vai ser muito complicado, são adequações que ao longo da evolução do processo terão que acontecer”.

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