As chuvas intensas que atingem o Rio Grande do Sul desde a noite da última quinta-feira (21) seguem trazendo consequências severas. Como um filme de terror repetido várias e várias vezes, como nas grandes enchentes de 2023 e 2024, as tempestades, por mais que não tenham a mesma intensidade daquelas citadas, inundaram cidades, deixaram pessoas fora de suas casas e espalharam melancolia, aflição e tristeza entre os mais afetados.
A Defesa Civil do Estado está prestando apoio às localidades afetadas, em especial ao município de São Lourenço do Sul, na Zona Sul, que registrou 19 desabrigados e 22 desalojados. Na cidade, o Arroio São Lourenço saiu do seu leito normal, afetando residências que ficam nas margens do arroio.
O impacto da cheia foi imediato. Mais de duas mil residências foram atingidas. Muitas famílias precisaram deixar suas casas de forma repentina, buscando abrigo em casas de parentes ou amigos.
Em um período de 24 horas, o acumulado de chuva no local chegou a 143,8 mm. Conforme o Corpo de Bombeiros Militar do RS (CBMRS), foram realizadas sete remoções em razão da elevação do nível do arroio.
O prefeito Zelmute Marten destacou a gravidade da situação.
“A água vem da zona rural, que é mais alta, e demora cerca de oito horas para chegar ao centro. Isso fez com que o arroio transbordasse durante a madrugada”, explicou. Segundo ele, o bairro Lomba é o mais afetado até o momento pela enchente em São Lourenço do Sul. Marten relatou que passou a noite em alerta e que mantém contato direto com autoridades estaduais e federais. “Precisamos de apoio imediato. Agora, temos que torcer para um vento favorável que empurre a água para a Lagoa dos Patos”, afirmou.
O Departamento de Logística da Defesa Civil foi acionado para envio de ajuda humanitária e itens de primeira necessidade, como água potável, cestas básicas, colchões e kits de higiene.
Também foram acionados os órgãos e secretarias que compõe o Conselho Estadual de Proteção e Defesa Civil (Coepdec): Secretaria da Saúde e Secretaria de Desenvolvimento Social, para que identificassem as necessidades locais e o envio de apoio por parte dos órgãos do governo do Estado.
Já em São Gabriel, o Rio Vacacaí invadiu as ruas, impedindo que moradores de áreas próximas conseguissem acesso ao centro da cidade. Até o momento, duas famílias estão fora de casa. A Defesa Civil afirma que trabalha na entrega e instalação de lonas em casas que tiveram seus telhados danificados. A prefeitura também atua na distribuição de cobertores e colchões.
Chuvas
Conforme dados do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden), a chuva até 9h deste sábado acumulava 212 mm em São Sepé, 196 mm em Piratini, 195 mm em São Lourenço do Sul, 190 mm em Caçapava do Sul, 185 mm em Santana da Boa Vista, 179 mm em Camaquã, 177 mm em Encruzilhada do Sul, 170 mm em Cachoeira do Sul, 160 mm em Amaral Ferrador, 159 mm em São Gabriel e 155 mm em Cristal.
Choveu ainda no mesmo período 140 mm em Canguçu, 138 mm em Cerro Grande do Sul, 131 mm em Jaguari, 129 mm em São Francisco de Assis e Pelotas, 123 mm em Barra do Ribeiro, 108 mm em São Jerônimo e 107 mm Bagé.
Em Porto Alegre, os acumulados de chuva no período atingiam 108 mm no Cristal, 107 mm na Restinga, 104 mm na Cidade Baixa e 102 mm na Agronomia. As demais estações da cidade, na maioria, apontavam de 90 mm a 100 mm. Na estação do Jardim Botânico do Instituto Nacional de Meteorologia, o volume somava 107 mm.