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Ciberataque provoca falta de gasolina nos Estados Unidos e deixa 17 mil postos sem combustível

Os EUA acreditam que uma organização criminosa com sede na Rússia atacou o oleoduto da Colonial. (Foto: Elijah Nouvelage/Bloomberg)

A Colonial Pipeline, operadora de um enorme oleoduto vítima de um ciberataque no fim de semana nos Estados Unidos, retomou entrega de gasolina na maioria de seus terminais, mas os postos voltaram a ser abastecidos muito lentamente.

Apesar dos avisos de autoridades e especialistas do governo, motoristas em pânico acabaram com os estoques de mais de 17 mil postos em todo o Sudeste do país, incluindo muitos que não teriam sido afetados pelo ataque hacker. Eles praticamente esvaziaram mais da metade dos postos de gasolina na Geórgia, Virgínia e nas Carolinas do Norte e do Sul.

A Colonial Pipeline reiniciou as operações na quarta-feira (12) à noite e informou que os mercados deveriam esperar a chegada do combustível até o meio-dia de ontem após o que foi considerado o maior ataque cibernético nos EUA contra uma infraestrutura de energia. Mas a empresa, com sede em Alpharetta, Geórgia, alertou que pode levar alguns dias até que os gargalos na cadeia de abastecimento sejam resolvidos.

Ao mesmo tempo, o presidente americano, Joe Biden, se pronunciou sobre a situação e disse que o pânico na compra só aumentará a escassez. Ele tentou tranquilizar o país e disse que a situação no Sudeste provavelmente será resolvida nos próximos dias.

Embora o combustível de um oleoduto antes paralisado esteja “começando a fluir” novamente, disse Biden, muitas áreas “não sentirão os efeitos na bomba imediatamente”.

O reinício “não é como acender um interruptor de luz”, disse Biden, acrescentando que espera um “retorno à normalidade será região por região começando neste fim de semana e continuando na próxima semana”.

Biden fez as declarações em meio a críticas sobre como lidou com a situação. O governo lutou nesta semana para conter a escassez, o que levou os republicanos a abrir uma nova linha de ataque contra ele em uma questão que há muito representa perigo político para o Partido Democrata, que controla a Casa Branca.

Na quarta, Biden assinou um decreto com o objetivo de reforçar as defesas digitais do governo para se proteger contra ataques futuros de hackers como o contra a Colonial Pipeline.

Biden disse que o presidente russo, Vladimir Putin, não está relacionado ao ataque, que partiu da Rússia, segundo Washington, mas tratará do assunto com o líder russo em uma esperada cúpula.

Os EUA acreditam que uma organização criminosa com sede na Rússia atacou o oleoduto da Colonial com o “ransomware”, programa de computador que infecta um sistema e exige resgate para devolver o controle a seu proprietário.

Quando questionado se Putin ou o governo russo estavam cientes do ataque, Biden fez uma pausa e disse: “Tenho certeza de que li o relatório do FBI com precisão e eles dizem que não estavam”.

Segundo relatório da agência Bloomberg, a empresa teria pago US$ 5 milhões aos hackers, informação que contradiz a versão do Washington Post, segundo a qual ela não teria desembolsado nada para ter seus sistemas liberados.

Na manhã de quinta (13), mais de 70% dos postos na Carolina do Norte permaneciam secos, e Estados distantes como Delaware e Kentucky sentiam a crise, disse Patrick De Haan, analista de petróleo da GasBuddy, acrescentando que a normalização do abastecimento pode demorar “várias semanas”. Motoristas desesperados da Flórida a Maryland faziam fila em postos para encher seus tanques e recipientes.

O analista explicou que o pânico impulsionou a demanda pela gasolina e fez aumentar seu preço em mais de 11% nesta semana. A média nacional do preço do galão de gasolina (cerca de 3,8 litros) ficou em US$ 3,02, seu nível mais alto desde 2014.

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