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Cientistas alemães detectam a primeira molécula do universo

A descoberta pode ajudar a entender melhor a evolução inicial do universo. (Foto: DW/Deutsche Welle)

Uma equipe liderada por Rolf Güsten, do Instituto Max Planck de Radioastronomia, em Bonn, na Alemanha, vinha procurando há décadas por íons hidro-hélio (HeH+), as primeiras moléculas a se formarem no universo após o Big Bang, cerca de 13,8 bilhões de anos atrás. Embora a existência do íon, um composto de hidrogênio ionizado e hélio, tenha sido demonstrada em laboratório já em 1925, os cientistas ainda não tinham conseguido rastreá-lo no espaço.

Modelos teóricos convenceram astrofísicos desde então que o íon hidro-hélio surgiu primeiro no universo, seguido de uma série de outras moléculas cada vez mais complexas e pesadas. Já nos anos 1970, pesquisas sugeriam que o íon hidro-hélio deveria existir em quantidades significativas nos gases incandescentes ejetados pela morte de estrelas semelhantes ao Sol, que criam condições similares às do universo primitivo.

“Simplesmente não havia detectores até agora”, disse o astrofísico Güsten. Por mais de dez anos, a equipe trabalhou no desenvolvimento de um espectrômetro de alta resolução capaz de detectar a radiação infravermelha individual de uma molécula no espaço. As medições cruciais foram finalmente feitas a partir de um Boeing 747 convertido em observatório voador. A molécula foi encontrada numa nebulosa planetária, a cerca de 3 mil anos-luz da Terra. Pesquisadores da Universidade de Colônia também estiveram envolvidos no projeto.

“Tivemos por um longo tempo em nossa agenda a busca de íons de hidreto de hélio. Claro, algo tão significativo quanto a primeira molécula do universo desperta a ambição científica”, frisou Güsten. “A falta de uma prova definitiva de sua existência no espaço interestelar vinha sendo um dilema para a astronomia há muito tempo”, destacou o pesquisador. Os cientistas esperam no futuro ser capazes de reproduzir melhor as reações químicas da fase inicial do universo, logo após o Big Bang. “A formação do HeH+ foi o primeiro passo numa rota de crescente complexidade no universo “, comentou David Neufeld, professor na Universidade John Hopkins e coautor do estudo. “Foi o começo da química.”

Buraco negro

Este é o segundo grande marco da ciência a ser noticiado num curto espaço de apenas uma semana. Na semana passada, cientistas divulgaram a primeira imagem já conseguida de um buraco negro. Essa outra divulgação também serviu como confirmação de uma teoria de anos atrás, no caso, de Albert Einstein, que se provou bastante próximo da realidade nas projeções que fazia baseando-se apenas no pensamento há aproximadamente 100 anos.

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