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Cientistas brasileiros criaram uma tecnologia que permite o uso do celular para detectar o câncer de pele

O sistema utiliza uma foto tirada com uma câmera comum de smartphone e processa as informações para checar se há algum tipo de lesão no tecido epitelial. (Foto: Reprodução)

Não é uma novidade que a inteligência artificial pode ser usada no diagnóstico de alguns tipos de tumor, como o de próstata. Agora, pesquisadores brasileiros desenvolveram uma tecnologia que permite utilizar a Inteligência Artificial para detectar câncer de pele, por meio do celular.

Desenvolvido desde 2009, pelo Instituto de Informática da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e IEEE (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos), o sistema utiliza uma foto tirada com câmera comum de smartphone e processa as informações para checar se há algum tipo de lesão no tecido epitelial.

De acordo com o professor e coordenador do projeto, Jacob Scharcanski, não é necessário que o profissional de saúde ou o dermatologista tenham treinamento em dermatoscopia. Ou seja, mais pessoas poderão utilizar o equipamento para a identificação do câncer.

“O sistema tem mais de 90% de chance de detectar o câncer. O equipamento poderá ser utilizado por profissionais de saúde e dermatologistas não treinados em dermatoscopia, o que também faz diferença, pois o dermatoscópio é um equipamento especializado utilizado apenas por profissionais treinados”, explicou Scharcanski.

Alta incidência

O câncer de pele, o mais comum no Brasil, é algo que pouca gente dá importância, apesar dos aproximadamente 180 mil novos casos que todo ano são diagnosticados. Elimar Gomes, coordenador do “Dezembro Laranja”, título da campanha da SBD, acredita que a grande incidência da doença no Brasil é reflexo das mudanças de hábito da sociedade.

Para o dermatologista, o possível câncer de pele do presidente Jair Bolsonaro trouxe os holofotes para a campanha. “Sempre que uma figura pública mostra que tem a doença, ou tem essa possibilidade, é importante porque chama a atenção da população, e mostra que qualquer em pode ter”. O médico afirma que o presidente apresenta sinais de que é uma pessoa que pode ter câncer de pele, pois “tem uma pele clara e cronicamente exposta ao sol”.

Diferente de outros cânceres, que precisam de exames mais complexos para serem identificados, o de pele pode ser notado por qualquer pessoa com conhecimento. “É a melhor forma de prevenção. Se você conhece a doença, e sabe o que causa, pode fazer a prevenção primária e tomar ações para evitar a doença, como passar protetor solar. E também pode identificar precocemente um sinal de câncer”, explicou. Segundo a SBD, quando descoberta no início, as chances de cura são de mais de 90%.

Elimar ressalta que é preciso prestar atenção a manchas na pele que coçam, ardem, sangram, além de feridas que não cicatrizam em quatro semanas, e pintas que mudam de cor e formato. Além disso, consultar um dermatologista em caso de suspeita é essencial.

Foi observando a si mesmo que o servidor público Marcelo Carlos de Mello e Souza, 59 anos, percebeu um sinal no ombro, que posteriormente foi identificado como um carcinoma basocelular, o tipo mais comum de câncer de pele.

“Sou carioca e peguei muito sol na praia. Até meus 17 anos, morei no Rio de Janeiro e a praia e o sol eram parte da minha rotina”, relembra. Os efeitos da luz solar sem proteção vieram anos depois. A exposição crônica da pele é um das principais causadores da doença. Desde 2010, outros pontos foram identificados e, conforme diz, o corpo tem mais de 200 pontos de extração de sinais de câncer. Mas nenhum deles é melanoma.

Atualmente, a rotina de Marcelo é diferente. “Hoje, eu caminho cedo para evitar o sol, uso camisas de manga comprida com proteção solar e protetor no rosto e no corpo. Para quem gosta de mar e de praia, é uma dura penitência”, brinca. Para ele, o Dezembro Laranja é fundamental para ensinar a população a identificar o problema ainda no início.

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