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Cinzas de vulcão chileno chegam ao Rio Grande do Sul e atingem Porto Alegre

Calbuco estava adormecido há quase 50 anos. Foto: David Cortes Serey/AP

As cinzas provocadas pela erupção do vulcão chileno Calbuco chegaram na sexta-feira ao Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre, a nuvem de fumaça foi percebida no início da madrugada deste sábado. Meteorologistas haviam estimado que a nuvem deveria se aproximar da cidade entre a madrugada e o dia de hoje. Imagens de satélite feitas no início da tarde mostravam que a fumaça já cobria a cidade de Chuí, no extremo Sul do Estado, e também municípios da Campanha, na fronteira com o Uruguai. Bagé foi um dos que o efeito foi percebido em território gaúcho.

O Sistema Metroclima, da prefeitura da capital gaúcha, monitora o avanço das cinzas vulcânicas. Paira sobre Porto Alegre uma nuvem em grande altitude, segundo o Metroclima. Os efeitos em superfícies serão ínfimos ou pequenos, notando-se sim um tom um pouco mais acinzentado ou leitoso do céu, como se atuassem nuvens Cirrus – formadas por cristais de gelo. “Exceto por alterar a coloração do céu, as cinzas do vulcão não devem ter outro efeito na região de Porto Alegre. Não é situação de risco”, explicou a meteorologista Estael Sias. A última vez que nuvens vulcânicas alcançaram Porto Alegre foi entre o inverno e a primavera de 2011, durante o evento eruptivo do vulcão chileno Cordón-Caulle.

O setor de aviação também avalia a situação das cinzas do vulcão Calbuco. O Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea está monitorando o avanço da fumaça a fim de verificar se o fenômeno pode causar restrição de pousos e decolagens no Aeroporto Internacional Salgado Filho.

Erupção O Calbuco – o terceiro vulcão mais perigoso do Chile – entrou em erupção na quarta-feira, expelindo uma potente coluna de cinzas de vários quilômetros de altura, o que não acontecia há quase 50 anos. Uma nova erupção aconteceu um dia depois. A coluna de cinzas expelidas obrigou as autoridades a declarar alerta vermelho e retirar mais de quatro mil pessoas da região.

O Chile é um dos países com mais vulcões ativos. O Calbuco está localizado na turística Região dos Lagos, 900 quilômetros ao sul da capital Santiago, e sua atividade ocorre no mesmo momento em que outro vulcão, o Villarica, também está em fase de erupção.

A zona de exclusão de 20 quilômetros em torno do maciço rochoso será mantida a fim de proteger a população, segundo o ministro do Interior chileno, Rodrigo Peñailillo. Casas e ruas situadas na região ficaram cobertas de cinzas. Os voos com destino e origem em Puerto Montt, cidade próxima ao local do Calbuco, foram reiniciados, mas as companhias estão atentas para acompanhar o rápido deslocamento das nuvens de cinzas.

Casas próximas ao vulcão ficaram cobertas de cinzas.  Foto: Luis Hidalgo/AP

Argentina – Na sexta-feira pela manhã, uma densa coluna de fumaça avançou a fronteira e chegou à Argentina. Estradas e o principal aeroporto de Bariloche, localizada a cerca de 100 quilômetros do vulcão, foram atingidos por poeira e fuligem. Voos foram suspensos, assim como as aulas nas escolas locais. As cinzas atingiram toda a zona central do país, incluindo a capital Buenos Aires e as cidades de La Pampa, Mendoza, San Luis, o Sul de Córdoba e de Santa Fé, conforme o Serviço Meteorológico Nacional.

Na Grande Buenos Aires, o principal aeroporto internacional, Ezeiza, mantinha canceladas, até o final da noite de sexta-feira, tanto as chegadas como as partidas das companhias American Airlines, United Airlines, Delta e Air France, apesar de o resto das empresa aéreas prosseguir com seu esquema normal de voos. No aeroporto Jorge Newbery (Aeroparque), na capital argentina, as viagens prosseguiam sem alteração, com exceção para viagens às províncias de Rio Negro e Neuquén, no Sul, as mais afetadas pelas partículas do fenômeno.

Cinzas avançaram e chegaram à Argentina.  Foto: Martin Bernetti/AFP

Relato – De férias com o marido australiano no Sul do Chile, a brasileira Neusa Rohde, 58 anos, estava tirando fotos da paisagem quando entrou no quarto da pousada para carregar o celular. De repente, sentiu um tremor no chão, “parecido ao de uma betoneira trabalhando”. Abriu a janela e viu um cenário de filme: o vulcão, a menos de 2 quilômetros de onde ela estava, acabara de entrar inesperadamente em erupção.
O casal pegou documentos e dinheiro e fugiu do local, “praticamente de pijama”. Ambos sentiram o calor do vulcão chegando perto. “Foi assustador. Um pânico, um pavor. Não sabíamos que rumo tomar, se íamos para a esquerda ou para a direita, onde ficaríamos a salvo”, contou Neusa ao site G1.

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