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Ciro Gomes disse que a prisão de Temer não deve ser comemorada

Ciro também não poupou críticas ao "lado bandido" do PT. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Mesmo sendo há anos um dos críticos mais ferrenhos do MDB, incluindo Michel Temer, Ciro Gomes se posicionou contra a prisão do ex-presidente. Para o pedetista, a “aberração jurídica” tomada pelo juiz da Lava-Jato Marcelo Bretas não se sustenta juridicamente nem deve ser comemorada.

“O Brasil não pode comemorar a violação da lei, mesmo que seja para fazer aquilo que se alega ser justiça. O nome disso é justiçamento”, definiu o ex-ministro em entrevista à revista Época, em Madri, onde palestrou na IE Business School durante o Fórum Brasil Espanha, na sexta-feira (22). “A Lava-Jato perdeu completamente o sentido”, afirmou.

O terceiro colocado na última eleição presidencial não poupou críticas ao “lado bandido” do PT, como chama a direção atual de sigla e a quem atribui a responsabilidade pela vitória de Jair Bolsonaro (PSL). Questionado se já havia perdoado Lula pelas dificuldades impostas por ele nas eleições do ano passado, Ciro disse que não se trata de “perdão ou mágoa”. “Não tem essa história de mimimi, queixa ou mágoa. Entendam: eu também estou fazendo política. Eu não aceito mais conviver com o lado bandido do PT”, desabafou.

Sobre uma possível candidatura em 2022, Ciro contou que o PDT pediu permissão, mas que teria de pensar “100, 1.000 vezes”, pois dependerá “da condição prática” futura. Até lá, ele pretende seguir dando palestras em universidades e terminar um livro, que deverá trazer um diagnóstico atual do Brasil e apontar soluções. O lançamento está previsto para este ano e tem a população jovem como público-alvo.

“Se tem um brasileiro que acha que o Michel Temer merecia estar condenado e preso, sou eu. Não quero diminuir a militância de ninguém, mas, de fato, eu denuncio. Fui processado por ele e fui condenado, por essa fração estranha do Judiciário brasileiro, a indenizá-lo. Fui processado pelo Eduardo Cunha, que era parceiro e sócio dele. Estou cansado de saber, desde o caso do porto de Santos, que Temer é um corrupto sistemático. Virou presidente do PMDB [atual MDB] porque topou o serviço sujo de juntar dinheiro para pagar as contas dos colegas e tirar um pedaço para ele. Eu poderia estar comemorando essa prisão. Entretanto, minha consciência de cidadão e minha formação jurídica me obrigam a afirmar que esta prisão, feita como foi, viola a Constituição, porque a regra é a liberdade. O Brasil não pode comemorar a violação da lei, mesmo que seja para fazer aquilo que se alega ser justiça. O nome disso é justiçamento. Isso não se sustenta”, destacou Ciro na entrevista.

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