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Cobiçado para vice de Lula, empresário Josué Gomes descarta a política em 2022

Josué é filho do ex-vice-presidente de Lula, José Alencar. (Foto: Divulgação)

A cúpula do MDB foi procurada por aliados de Lula com um curioso aviso: Josué Gomes, que assumirá a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) no fim do ano, procurará o partido para se filiar e, quem sabe, ser vice do petista em 2022.

Apesar da torcida política dos emedebistas e petistas, o presidente da Coteminas descarta entrar para a política em 2022. Ele concorrerá à presidência da Fiesp no dia 5 de julho. Para isso, constituiu chapa que conta com o apoio de aproximadamente 98% do colégio eleitoral da entidade.

“Aceitei o convite com grande responsabilidade perante a indústria paulista e brasileira, compromisso reiterado e ampliado pelo apoio e união dos componentes de minha chapa, todos industriais da maior envergadura”, diz Josué Gomes.

Como se trata de chapa única, ele deverá tornar-se presidente da Fiesp a partir de 1º de janeiro de 2022. “Esta é a missão que abracei e à qual estarei integralmente dedicado até o fim do meu mandato à frente da importante federação do meu setor. Minha única agenda será o trabalho em favor do fortalecimento da indústria”, diz.

Quem é o nome

Josué Gomes não é um nome aleatório na eleição de 2018. Disputado atualmente pela coligação do PSDB com o “centrão” e pelo PT de Minas, Josué Christiano Gomes da Silva (PR), também chamado de Josué Alencar, já tem seu nome cogitado entre os candidatos desde o ano passado. Como trunfos, o sucesso empresarial em Minas Gerais e o legado familiar.

Filho do ex-vice-presidente de Lula, José Alencar (1931-2011), Josué foi sugerido em 2017 pelo presidente Michel Temer (MDB) como candidato a presidente da República nas eleições deste ano. No início de 2018, foi convocado pelo ex-presidente Lula para trocar o MDB pelo PR e compor a chapa do PT, como candidato a vice.

Ao longo dos últimos meses, ainda foi cotado como vice na chapa presidencial do PDT, para apoiar Ciro Gomes, que queria um companheiro “da produção, ligado ao Sudeste do país”.

Este mês, o “centrão” indicou Alencar como vice de Geraldo Alckmin (PSDB) e o procurou insistentemente para compor a chapa. O governador de Minas Gerais Fernando Pimentel (PT), por sua vez, aguarda o empresário em Belo Horizonte desde o início da semana para uma conversa. Ter o nome de Alencar como vice é o sonho de consumo do petista nestas eleições.

Não houve, porém, até agora, em nenhum desses casos, uma resposta pública e clara do empresário. Pelo contrário, ele deverá rejeitar os dois convites. Reservado, o filho de José Alencar consolidou ao longo do tempo a fama de “cópia melhorada do pai”.

Além das semelhanças de família, o caçula do ex-presidente aumentou seu prestígio como empresário bem-sucedido, nas últimas duas décadas, à frente do grupo empresarial da família, quando José Alencar deixou a vida empresarial para se dedicar integralmente à política.

O empresário tinha 31 anos quando assumiu a Coteminas, criada pelo pai, em 1994, e iniciou o processo de internacionalização da companhia têxtil, a maior do país. Em 2005, Alencar fundiu a Coteminas com a norte-americana Springs. Com a criação da Springs Global, líder no segmento têxtil dos EUA.

Em 2009, o empresário comprou 65% da varejista de cama, mesa e banho MMartan, com 120 lojas em operação no país.

Desde que assumiu o comando do conglomerado familiar, o empresário mais que dobrou a receita da Coteminas. Em 1994, a receita da companhia não chegou a R$ 1 bilhão. Em 2017, ela alcançou R$ 2,58 bilhões.

“O Josué é inteligente e muito disciplinado. É um pouco tímido e pensa antes de falar. Soube aprender as coisas com o pai e conseguiu até evoluir. Acho que está melhor do que o pai, e preparado para a política”, afirma o ex-assessor. Ele diz que o filho herdou também “o timbre de voz e o semblante do pai”.

Casado e pai de um casal de filhos, o filho caçula do ex-presidente e da enfermeira Mariza Campos Gomes da Silva tem duas irmãs: a estilista Maria da Graça Gomes da Silva e a decoradora de interiores Patrícia Campos Gomes da Silva. É formado em engenharia civil pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), que cursou pela manhã, e direito pela Universidade Milton Campos, que fez à noite, enquanto trabalhava na empresa do pai, no período da tarde, entre os anos 1980 e 1990.

Depois, fez MBA na Universidade de Vanderbilt, Tenessee, EUA, antes de assumir o controle dos negócios da família. Nasceu em Ubá (MG), cidade natal dos pais, em 25 de dezembro de 1963. Josué administra o conglomerado familiar a partir de um escritório na av. Paulista.

Na única vez em que se aventurou na política, como candidato ao Senado por Minas Gerais pelo então PMDB, em 2014, ele teve 3.614.720 votos (40,18% dos votos válidos), perdendo a eleição para o senador Antônio Anastasia (PSDB-MG).

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