O governo gaúcho decretou emergência em saúde pública, com foco na prevenção e enfrentamento da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), especialmente em crianças. Conforme a Secretaria Estadual da Saúde (SES), a medida – válida por 120 dias – foi adotada diante do aumento expressivo de casos e da demanda nos serviços de emergência, com filas de espera, o que representa um elevado risco à população.
Com o decreto, as redes hospitalares que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) devem priorizar medidas emergenciais para a oferta de leitos clínicos e de terapia intensiva voltados ao atendimento de casos de síndrome respiratória. A titular da SES, Arita Bergmann, acrescenta que a decisão busca fortalecer a rede hospitalar, com a preparação e disponibilização e suporte ventilatório e de leitos de unidades de terapia intensiva (UTI).
O governo do Estado também já anunciou um investimento de R$ 20,8 milhões na operação “Inverno Gaúcho”, a serem aplicados na Atenção Primárias e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Vale lembrar que a situação de crise já preocupa autoridades e população, faltando um mês para a estação mais fria do ano (a partir de 20 de junho).
Estatística do painel do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) contabiliza no Rio Grande do Sul, até a noite dessa terça-feira (20), 4.283 hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Essas internações foram causadas por infecções como influenza (gripe), covid, vírus sincicial respiratório (VSR), entre outros. Do total de casos, 316 tiveram como desfecho o óbito. Entre as crianças menores de 5 anos, são cerca de 1.400 internações e ao menos dez mortes.
Riscos e aumento nas hospitalizações
Publicado na edição dessa terça-feira do Diário Oficial do Estado (DOE), o decreto destaca o risco de esgotamento da capacidade de resposta do sistema de saúde, especialmente na infraestrutura voltada ao atendimento pediátrico, o que pode levar à saturação do SUS. Esse cenário é agravado pela epidemia de dengue que também atinge o Rio Grande do Sul.
O documento justifica a decisão em razão do significativo aumento nas internações por síndromes respiratórias nas últimas semanas. Na Semana Epidemiológica 14 (de 31 de março a 5 de abril), foram registradas 194 hospitalizações. Já na Semana 18 (de 28 de abril a 3 de maio), o número dobrou, chegando a 392.
Já na Semana 19 (de 4 a 10 de maio), os registros subiram ainda mais, totalizando 451 hospitalizações. Como os casos são contabilizados pela data de início dos sintomas, os números da Semana 20 (de 11 a 17 de maio) ainda estão sendo consolidados e aumentarão conforme acontecem as notificações.
Dentre os vírus responsáveis pelas internações, a influenza (gripe) teve um crescimento expressivo. Na Semana 14, foram registrados nove casos, número que saltou para 116 na Semana 18 – um aumento superior a 1.100%. Em 2024, a gripe já causou 526 hospitalizações e 43 óbitos no Estado.
Outro importante agente é o vírus sincicial respiratório (VSR), responsável por 495 hospitalizações neste ano, das quais 95% (471) ocorreram em crianças com menos de cinco anos. A atual circulação simultânea de diversos vírus respiratórios, somada à tendência natural de aumento dos casos durante o inverno, contribui para o agravamento da situação das SRAG no Estado.
(Marcello Campos)