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Com aumento dos gastos do INSS, benefícios podem ter cortes no futuro

Para o economista Fábio Giambiagi propostas do governo são generosas demais e não se sustentam. (Foto: Zô Guimarães/Folhapress)

O fato de que o Brasil passará a ter cada vez menos trabalhadores em idade de contribuir em relação ao número de aposentados  –e, portanto, menos dinheiro entrando no caixa da Previdência e mais dinheiro saindo por mais tempo, traz incerteza sobre o valor dos benefícios do INSS nos próximos anos.

Mesmo o teto do benefício, que hoje é de R$ 4.663,75, tende a diminuir: o aumento de gastos da Previdência deve levar a regras mais rígidas para retardar a concessão do benefício e reduzir o valor pago.

Com a medida provisória editada na última quinta-feira, quem se aposentar pela fórmula 85/95 – quando a soma da idade com o tempo de contribuição der 85 anos para mulheres ou 95 para homens – recebe aposentadoria integral, até o teto.

A partir de 2017, o valor da soma (idade e tempo de contribuição) subirá progressivamente até 90/100, em 2022.

Os trabalhadores que atendem a esse critério escapam dos efeitos do fator previdenciário, dispositivo que reduz o valor recebido por quem se aposenta precocemente.

“Com mais gente se aposentando e por um valor maior, mesmo com a progressividade, o impacto será perverso nas contas da Previdência”, diz o economista Paulo Tafner, especialista em previdência pública.

Cálculos preliminares indicam que os gastos do INSS dobrarão até 2050 – passam de 7,5% do PIB em 2015 para 15,1% em 2050.

“As medidas propostas pelo governo são tão generosas que lá na frente não vão resistir”, diz Fabio Giambiagi, especialista em contas públicas.

Segundo Tafner, é preciso tomar medidas para evitar que, em 20 ou 30 anos, os valores dos benefícios sejam cortados: “As próximas gerações vão pagar a conta”.

Para o consultor Newton Conde, o trabalhador deve buscar alternativas para complementar a renda no futuro.

“Quem está entrando no mercado de trabalho deve pensar em um plano de previdência. E quem já está nele, e tem condições, deve estudar aumentar o valor das contribuições”, disse. (Claudia Rolli e Toni Sciarretta/Folhapress)

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