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Com crítica a juíza, ao ministro da Justiça e Segurança, Sérgio Moro, e ao presidente Bolsonaro, Lula entregou sua defesa final no caso do sítio de Atibaia

Lula pode se beneficiar da legislação que faz processos "caducarem" mais cedo para quem já tem 70 anos de idade. (Foto: Reprodução)

A defesa do ex-presidente Lula entregou na noite de segunda-feira (7) suas alegações finais na ação penal do sítio de Atibaia (SP), em que é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. Os advogados pedem a absolvição e criticam o ex-juiz Sergio Moro, a atual juíza responsável, Gabriela Hardt, e o presidente Jair Bolsonaro (PSL). A entrega desses memoriais é a última fase antes da publicação da sentença no caso. Os advogados produziram um documento de 1.634 páginas, com outros 23 documentos anexos.

A defesa afirma que o crime de corrupção já prescreveu, uma vez que os fatos tratam da época em que o petista ocupou a Presidência da República (2003-2010) e ele já passou dos 70 anos. Outro dos principais argumentos da defesa é a suposta parcialidade de Moro, que comandou o caso até novembro, quando deixou a magistratura para ser ministro da Justiça de Bolsonaro.

A defesa, comandada pelo advogado Cristiano Zanin, voltou a afirmar que o ex-presidente é vítima de “lawfare” — uso de instrumentos jurídicos para perseguição política.

Cita ataques de Bolsonaro a Lula ao longo da campanha eleitoral, como a declaração de que iria “fuzilar a petralhada”, para reforçar a contestação à nomeação de Moro para o governo.

“A pessoa que aceitou comandar o ‘Ministério da Justiça ampliado’ do presidente eleito —o mesmo que afirmou que o defendente [Lula] irá ‘apodrecer na cadeia’ e que seus aliados serão presos se não deixarem o País — é o juiz que tomou diversas medidas ilegais e arbitrárias contra o defendente com o objetivo de promover o desgaste da sua imagem”, diz trecho do documento.

A defesa também argumenta que trechos da delação de Antonio Palocci tiveram seu sigilo retirado por Moro a poucos dias do primeiro turno da eleição como forma de prejudicar o ex-presidente e o PT.

Sobre a juíza Hardt, que interrogou Lula no dia 14 de novembro em substituição a Moro, a defesa afirma que se trocaram “os personagens, permanecem as práticas ilegais”.

Diz que a juíza foi autoritária e agressiva no depoimento e lembrou que uma frase dita por ela a Lula, “Se começar nesse tom comigo, a gente vai ter problema”, acabou estampada em uma camisa da atual primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Contesta ainda a regularidade da permanência dela à frente dos casos da Lava-Jato após a exoneração de Moro.

A defesa também repete pontos que já tinha apresentado em outros processos da Lava-Jato, como o questionamento a depoimentos de delatores e a suposta ausência de vínculo dos fatos com a Petrobras.

Lula está preso em Curitiba desde abril em decorrência de condenação em outra ação penal da Lava-Jato, sobre o tríplex em Guarujá (SP) reformado pela OAS. Na ação penal do sítio de Atibaia, ele é acusado de ser favorecido pelas empreiteiras OAS e Odebrecht com benfeitorias feitas na propriedade rural que frequentava.

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