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Com inflação, Banco Central deve elevar juro ao maior nível em um ano e meio

Decisão era esperada pelo mercado financeiro. (Foto: Marcello Casal/Agência Brasil)

A disparada da inflação deve levar nesta quarta-feira (16) o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) a elevar a taxa básica de juros da economia brasileira pela terceira vez consecutiva.

A decisão será anunciada após as 18h. A expectativa da maior parte do mercado financeiro, segundo pesquisa realizada na semana passada pelo BC com mais de cem instituições financeiras, é de um novo aumento de 0,75 ponto percentual – o que levaria a taxa básica dos atuais 3,5% para 4,25% ao ano.

Entretanto, parte dos analistas dos bancos estima uma alta maior, de um ponto percentual, para 4,5% ao ano. Em ambos os casos, seria o maior nível para a taxa Selic desde o final de 2019 – quando o juro básico estava em igual patamar.

Além disso, as previsões dos economistas são de que os aumentos continuarão no decorrer deste ano. A previsão é de que a Selic termine 2021 em 6,5% ao ano, o que representará, se confirmado, uma forte puxada em relação aos 2% ao ano registrados no começo de 2021.

Alta da inflação

O Copom fixa a taxa básica de juros com base no sistema de metas de inflação, olhando para o futuro pois as decisões demoram de seis a nove meses para terem impacto pleno na economia.

Neste ano, a meta central é de 3,75%, mas o IPCA pode ficar entre 2,25% a 5,25% sem que a meta seja formalmente descumprida. Para 2022, a meta central é de 3,5% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%.

Em maio, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) – a inflação oficial do País – ficou em 0,83% segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foi o maior resultado para um mês de maio desde 1996 (1,22%).

Em 12 meses até maio, a inflação atingiu 8,06%, muito acima do teto da meta do governo para o ano – o centro da meta é de 3,75% em 2021, podendo variar entre 2,25% e 5,25%. A meta, porém, só é atingida, ou superada, ao fim de cada ano.

Para 2022, meta no qual o BC já está mirando ao fixar o juro básico, a previsão do mercado financeiro está em 3,78%, ou seja, acima do objetivo centra de 3,5% fixado pelo Conselho Monetário Nacional.

Os números mostram que a inflação subiu nos últimos meses por conta do aumento dos preços das “commodities” (produtos com cotação internacional, como alimentos, minério de ferro e petróleo, entre outros), por conta da retomada do crescimento da economia mundial, além dos combustíveis e do dólar (que torna insumos e importados mais caros).

Mais recentemente, embora o dólar tenha caído, um novo fator tem pressionado os preços: o aumento da energia elétrica, causado pela crise hídrica. “O maior acionamento das termelétricas, frente à possível crise de abastecimento de energia, e a perspectiva de retomada do comércio e serviços podem pressionar a inflação no segundo semestre”, avaliou o economista Gustavo Sung.

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