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Com presidentes vitalícios, Rússia e China querem acabar com a liderança global dos Estados Unidos

O presidente chinês, Xi Jinping, visitou o líder russo Vladimir Putin. (Foto: Sergei Karpukhin/TASS)

Para Vladimir Putin, a visita do presidente chinês, Xi Jinping, à Rússia, oferece um enorme impulso à tão alardeada nova ordem mundial que o líder russo acredita estar forjando por meio de sua guerra contra a Ucrânia – em que os Estados Unidos e a Otan não podem mais ditar nada a ninguém.

A viagem de Xi, logo após ele consolidar seu terceiro mandato sem precedentes, reúne dois homens que se posicionaram como líderes vitalícios – e prepara o cenário para um confronto global, com Pequim disposta a usar sua parceria com Moscou para combater Washington, mesmo que isso signifique dar aprovação tácita à guerra de Putin.

“A perspectiva sombria na China é que estamos entrando nesta era de confronto com os EUA e a Rússia é um trunfo e um parceiro nessa luta”, disse Alexander Gabuev, analista do Carnegie Endowment for International Peace.

No primeiro de seus três dias de visita à Rússia, o líder chinês disse que ambos os países têm objetivos similares, em um movimento que analistas interpretam como apoio aberto da China à guerra. “É verdade que nossos dois países compartilham os mesmos objetivos, ou alguns semelhantes. Temos feito esforços para a prosperidade de nossos respectivos países. Podemos cooperar e trabalhar juntos para alcançar nossos objetivos”, disse Xi, ao lado de Putin.

A viagem demonstra a nova ambição diplomática de Pequim e deu um impulso político a Putin poucos dias depois que um mandado de prisão internacional foi emitido para o líder russo por acusações de crimes de guerra relacionados à Ucrânia.

“Sei que a eleição presidencial da Rússia é no ano que vem. O desenvolvimento da Rússia melhorou significativamente sob sua liderança firme. Creio que o povo russo continuará a apoiálo fortemente”, disse Xi, acrescentando que a China “valoriza muito” seus laços com a Rússia.

A China vê a Rússia como uma fonte de petróleo e gás para sua economia necessitada por energia e um parceiro para enfrentar o que ambos veem como agressão dos EUA. Enquanto para Putin, a visita de Xi envia forte sinal às potências ocidentais de que Moscou não está isolado.

Os dois países, entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, também realizaram exercícios militares conjuntos, e as autoridades americanas receberam indícios de que a China está considerando fornecer armas à Rússia para sua guerra na Ucrânia.

Pequim afirma que a viagem é o primeiro passo em sua tentativa de liderar uma nova rodada de negociação de paz entre Rússia e Ucrânia. Em um artigo publicado na edição de ontem de um jornal estatal russo, Xi afirmou que sua proposta de paz servirá para “neutralizar as consequências do conflito e promover um acordo político”. Mas ele disse saber que não é uma tarefa fácil. Putin, por sua vez, saudou as propostas da China e observou que a Rússia está aberta para negociações.

Moscou e Pequim compartilham uma causa: ambos acusaram Washington de tentar isolá-los e impedir seu desenvolvimento enquanto o desafiam pela liderança regional e global.

A reunião dá a Putin e Xi a chance de mostrar que são “parceiros poderosos” em um momento de relações tensas com Washington, disse Joseph Torigian, especialista em relações sino-russas da American University em Washington.

Além disso, em meio às dúvidas sobre a estratégia militar de Putin, a exibição da China e da Rússia como aliadas contra Washington também dará credibilidade às afirmações de Putin de que a guerra na Ucrânia é o meio pelo qual a Rússia está criando a nova ordem pós-EUA. As informações são dos jornais O Estado de S. Paulo, The Washington Post e The New York Times e das agências de notícias AP e AFP.

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